Amor Resistente – Amor Resiliente
Já observou o que acontece com uma vara de salto em altura no momento em que o atleta a usa para impulsioná-lo? Pois é. Libera energia e após a envergadura volta ao estado normal.
Na engenharia, a resistência do aço é testada até o limite. Na construção de uma grande estrutura, por exemplo, uma super carga é posta sobre a mesma e o esperado é que o aço resista e volte ao estado normal. E isso é tecnicamente chamado de resiliência: a capacidade de um material voltar ao seu estado inicial após sofrer tensão.
Esse conceito apreendido da física se aplica muito bem a necessidade humana de resistir e superar dificuldades. Na década de 70, foram observadas as reações de pessoas submetidas a altos níveis de estresse e, alguns dos participantes da pesquisa, não adoeceram como seria o esperado. Daí entendeu-se que há pessoas capazes de reagir positivamente quando nada é favorável. Diz-se que o Brasileiro não desiste, nunca; se isso é verdade, então, o brasileiro é resiliente. Supera os próprios fracassos e renova as expectativas. Acredita que o recomeço é possível e assim o faz com um sorriso no rosto.
Com isso em mente, quero pensar em resiliência para os relacionamentos. Na vida a dois, mais do que em qualquer outra situação, é fundamental ser resistente as dificuldades – elas existem, mas não pressupõem o fim dos sonhos.
As frustrações são inevitáveis: o príncipe e a princesa, no dia-a-dia, são homem e mulher com todas as limitações inerentes ao ser humano. Diante dessa constatação, nos resta incluir na lista base dos preparativos de um casamento ou na construção de um relacionamento a percepção da necessidade de tolerar e resistir. As diferenças, as incompatibilidades em vez de ser o fim podem ser a vara para um salto mais alto e um estresse causador da descoberta de que esse relacionamento é de aço e suporta o peso dos conflitos. O que você tem encarado como um perigo do amor acabado pode ser visto como uma razão de superação aos desafios.
Não perca de vista que o termo resiliência foi adaptado ao comportamento humano para definir a nossa capacidade pessoal de superar dificuldades, vencer adversidades e se recompor de uma situação difícil ainda mais forte. E essa definição se associa ao casamento de uma forma muito direta: é possível e imperativo para a restauração das emoções e resgate do amor a reação positiva diante do estresse da convivência.
Talvez, você precise suportar um pouco mais, tolerar um pouco mais as debilidades do outro. Menos exigências, mais paciência e mais perdão. Os conflito fazem parte da relações humanas, mas os casais devem alcançar maturidade suficiente para dar menos crédito ao que é menos importante e muito mais crédito a aquilo que mais importa.
Não estou falando de anular-se ou de negar a crise, não. Estou falando de ser flexível, tolerante e tolerável até o limite da dignidade. Estou dizendo da atitude inteligente de recomeçar e casar quantas vezes forem necessárias com a mesma pessoa e com todos os desafios que ela ofereça. Essa vida conjugada pode dar certo, pode voltar ao estado normal mesmo tendo sido tão envergada e quase tocar o chão da separação.
O estadista britânico Winston Churchill em um dos seus discursos mais marcantes disse com autoridade sobre a decisão necessária para vencer: “Nunca desistir, nunca, nunca, nunca, nunca, em nada, grande ou pequeno, importante ou trivial, nunca desistir, exceto a convicções de honra e bom senso.”
É importante saber que todas as relações enfrentam crises, inseguranças, desgostos, … mas isto não significa necessariamente a morte do amor. Ainda pode haver uma perene busca de renascimento e reconstrução da vida. A ideia é não desistir, nunca. Não ser enganado pelo aparente impossível. Há casais enganados quando dizem que não se amam mais. Há homens e mulheres enganados pelos sentimentos. Mas sentimentos são vulneráveis e só o amor suporta a prova. Amor é principio.
Salomão, rei de Israel, viveu um grande amor com a princesa Sulamita. Na história dos dois destacam-se muitos eventos e entre eles, exatamente, a qualidade da superação frente às crises.
Certa vez, Salomão volta para casa e quer muito encontrar a mulher amada. Ela por sua vez, se recusa a recebê-lo. Ele insiste, mas não sendo atendido, vai embora. Ela se dá conta do que fez e o procura declarando a quem queira saber que de tanta saudade e culpa, ficou doente de amor. (Cantares 5 e 6)
Porém, essa crise não foi suficiente para causar ressentimentos, mas para fortalecer. Isso fica bem claro quando ela reconhece: “Eu sou do meu amado e o meu amado é meu”. Ele com amor resiliente declara que “entre todas as rainhas ela é a mais querida”.
Os dois olham com admiração um para o outro. Há romance, respeito, intimidade. Não há acusações. Não há mágoas. Não há separação.
“Eu sou do meu amado, e ele me tem afeição” – Esse é o amor resiliente; o amor que supera crises. O amor que não desiste de ser eterno. O amor que jamais acaba.
“As muitas águas näo podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo…”
Está difícil, errado e infeliz? Há uma nuvem que cobre qualquer possibilidade de enxergar saída? Não desista agora. Antes, tenha certeza que já fez tudo para não sucumbir às águas. Nem mesmo as águas amargas ou as ondas provocadas pelas terríveis tempestades, podem matar o amor quando você decide ser resiliente como o aço. O verdadeiro amor é forte.
“Tudo crê, tudo espera e tudo suporta.”
@darleidealves
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