sábado, 6 de agosto de 2016

Casamento restaurado: "Mantive meus olhos em Deus"



Nos casamos bem jovens, eu tinha 20 anos e meu esposo 25. Não tínhamos absolutamente nada que havia sido comprado com o nosso próprio dinheiro, todos os móveis e eletrodomésticos da casa foram presente de casamento. Morávamos de aluguel, não tínhamos nenhum veículo para locomoção e na época ganhávamos muito pouco em nosso trabalho. No início do casamento, nós dois fazíamos faculdade e trabalhávamos muito, quase não nos víamos, pois eu estudava de manhã e trabalhava a tarde e ele trabalhava o dia todo e estudava a noite.

O tempo foi passando e essa situação nunca se resolveu, tínhamos um enorme problema que era a falta de tempo para nos dedicarmos ao nosso casamento. Com a falta de tempo, também vieram os problemas de comunicação. Era como se fossemos duas pessoas completamente estranhas, vivendo em mundos diferentes que dividiam as despesas e dormiam esporadicamente juntos na mesma casa.

Fomos melhorando nossa situação financeira, terminamos a faculdade e encontramos empregos melhores. Meu marido começou a trabalhar em uma multinacional no período da noite, então foram muitas, muitas noites dormindo sozinha e os problemas nunca se resolviam. Tínhamos problemas sexuais, pois eu não conseguia me relacionar totalmente com ele. Como sempre fui muito tímida, nunca consegui procurar ajuda de um especialista que pudesse me orientar. Os problemas com comunicação sempre existiram. Ele sempre gostava de discutir, de falar, de gritar. 

Ele era impulsivo, falava o que viesse a mente sem se importar com o peso das palavras e eu sempre ficava quieta, não conseguia esboçar uma reação, e isso o deixava ainda com mais raiva. Ele queria que eu falasse e discutisse também e eu não conseguia. Em cada discussão, as palavras que ele me dizia iam criando raízes dentro de mim e eu ia me afastando cada vez mais. Confesso que eu era fria, distante, péssima dona de casa, não era uma mulher de verdade, quem dirá, uma mulher segundo o coração de Deus. Sempre fui muito ativa na igreja, participava de muita coisa e, por isso, estava sempre fora. Isso também era motivo de muitas brigas e discussão entre nós.

Conseguimos comprar nossa casa e o primeiro carro. Nessa época eu trabalhava em dois empregos. Trabalhava das 06:30 da manhã às 19:00, 20:00, sem intervalo. Trabalhei muito, vivendo essa rotina por dois anos. Com isso, não tinha tempo para cuidar de casa e dedicar ao meu casamento, pois sempre chegava cansada e com sono, não conseguia fazer nada. Nessa época, já estávamos casados há 8 anos. Meu marido sempre sonhou em ter filhos e sempre adiávamos devido a situação financeira ou por causa da faculdade ou trabalho. Isso também era um problema para nós. Meu marido começou a dar aulas de personal trainer. Foi nesse ambiente que ele reencontrou uma colega de faculdade e iniciaram um relacionamento.

Eu percebi quase que instantaneamente que havia algo errado. Ele mudou. Ficou distante, não olhava nos meus olhos. Brigava por qualquer coisa, por menor que fosse e sempre tocava no assunto do divórcio comigo. Todas as nossas conversas terminavam com ele sugerindo o divórcio. Ele ficou frio. Ele parou de tomar Santa Ceia na igreja e aos poucos parou de frequenta-la. Saia sempre com as “amigas” novas e eu sempre estava sozinha. Só via as fotos dos lugares que ele ia com as pessoas, pessoas que eu nem sabia quem eram. Era como se ele tivesse criado um mundo para ele e eu não pertencesse a esse mundo. Ninguém sabia que eu existia. Imagino que sequer aquelas mulheres sabiam que ele era casado.

No meu trabalho tenho uma amiga que também é cristã, eu expus minha situação para ela e ela entrou em concordância de orarmos e, se houvesse algo, Deus iria nos revelar. Menos de quinze dias depois, eu estava em casa e tive um sonho onde via eu e outra mulher grávida e um médico mostrando um raio X e nos dizia: “Existe uma mancha muito grande (apontando para a região do coração)”. Nesse mesmo dia, no horário de almoço meu marido me chamou e me contou tudo. Ele estava saindo com uma mulher, estava gostando dela e queria saber se já podíamos nos divorciar. Foram dias terríveis. Estava decidido pelo divórcio. Tentamos uma reconciliação que não durou mais que uma semana. Até que ele me contou que a OM estava grávida.

Meu mundo acabou, era como se outra pessoa estivesse vivendo a minha vida, meus sonhos, planos, o meu futuro. Isso me destruiu como mulher. Perdi 10 KG em dois meses. Eu só conseguia forças para ir ao trabalho e nada mais. Ele não chegou a sair de casa. Como ele trabalhava a noite, ele ficava na casa durante o dia e quando eu chegava ele já havia saído e assim nos víamos pouco. Eu nunca mandei ele ir embora de casa, pelo contrário, continuei lavando suas roupas e organizando tudo. Eu sofri muito,… pouquíssimas pessoas sabiam da minha situação. Ele não queria mais saber do nosso casamento. 

Então, em uma noite de sábado que eu nunca me esqueço, eu estava desesperada, e orei muito a Deus por uma resposta, não sabia o que fazer. Foi quando liguei meu computador e Deus me direcionou ao livro "Como Deus pode e vai restaurar seu casamento". Baixei o livro e comecei a ler naquela mesma noite e, o que mais me chamou atenção no livro e me marcou foi o versículo “Aquietai-vos e sabeis que eu sou Deus”. Quando li esse versículo foi como se o próprio Deus estivesse me dizendo: - Pare de chorar. Eu sou Deus. Confie. Não há nada impossível para mim. Lendo aquele primeiro capítulo, foi como se uma luz, um fio de esperança brotasse dentro do meu coração pela primeira vez.

No primeiro capítulo do livro onde Erin expõe situações mais práticas, percebi que estava fazendo tudo ao contrário do que deveria. Parei de ligar, de mandar mensagem, de implorar, de falar, parei com tudo o que estava fazendo para tentar chamar a atenção dele. Continuei lendo o livro e Deus começou a me mostrar como eu era a única culpada por toda aquela situação. Ai começou o meu processo de cura. Percebi que era contenciosa, fria, distante, que nunca havia sido uma mulher de verdade, que fui a mais tola de todas as tolas. Eu destruí a minha casa com as minhas próprias mãos. Percebi que eu não sabia absolutamente nada sobre o que Deus queria de mim como mulher, muito menos o que Deus espera de uma esposa. 

Eu sempre fui a favor do divórcio. Até falava para o meu marido que, quando não desse mais para um de nós dois, que fossemos sinceros um com o outro, pois ninguém era obrigado a conviver com ninguém. Sempre falava que jamais perdoaria uma traição, que ia ser divórcio instantaneamente. Creio que o primeiro milagre de Deus na minha vida foi Ele enraizar dentro de mim a verdade de que Ele “odeia o divórcio” e em hipótese alguma, incluindo o adultério, ele concordaria com essa saída.

Deus foi me transformando, limpando e curando meu coração, cuidando de mim. Eu O buscava de dia e de noite. Meditava o tempo todo na palavra. Foi Deus quem me manteve de pé. Era por Ele que eu dormia, por Ele que eu acordava. Era por Ele que eu tinha um motivo para querer viver mais um dia. E Ele sempre cuidou de mim com muita paciência. Todo dia uma nova ferida se abria e sangrava e Ele vinha com todo amor que só Ele tem por mim e trazia a cura. 

Embora não tivesse perdido nada materialmente, além do meu marido terreno, carro, casa, bom emprego, boas roupas, comida, nada daquilo fazia sentido para mim. Dentro de mim eu tinha perdido absolutamente tudo e só tinha o Senhor e nada mais. Eu O busquei como nunca. Foram longos períodos de jejum e consagração, e a cada dia eu me aproximava mais do Senhor e Ele me transformava. Foi tão lindo, vivi momentos de intimidade com o Senhor em poucos meses que jamais havia vivido em 15 anos na minha caminhada cristã.

Nesse meio tempo, Deus foi tocando no coração do meu esposo. Ele foi se aproximando de mim. Eu nunca brigava com ele, nunca discutia. Continuei com as minhas obrigações dentro de casa como se nada estivesse acontecendo. Nas folgas que ele tinha do trabalho e aos sábados e domingos ele sempre estava com a OM, embora não tivesse saído de casa. Desde que tudo isso começou, mantivemos a intimidade. No começo não sabia se estava fazendo certo ou não, mas Deus me revelou que eu não estava em pecado em manter intimidade com meu marido, pois continuávamos casados legalmente. Na verdade depois que isso tudo começou, mantínhamos mais intimidade que antes. Eu não entendia, pois como um homem com uma OM, ou seja, ‘novidade’, vai ter tanto interesse na esposa de anos. Ter intimidade ajudou na nossa reaproximação, além é claro do fato, de eu permanecer calada. O Senhor fez um milagre em nós dois.

O princípio que o nosso Amado é um marido ciumento e que Ele não nos divide com ninguém e que deve ser dele o primeiro lugar em nossa vida e coração. O principio de “deixar ir” meu MT, o princípio de “deixar ir” a minha igreja (confesso que foi uma das coisas mais dolorosas e difíceis para mim), o principio da submissão e da obediência. 

O principio de não comentar minha situação com ninguém (as pessoas, inclusive da minha família não sabiam nada a este respeito, muitos ficaram sabendo por ver meu MT e a OM em locais públicos, mas nunca abri minha boca para denegrir ou expor a minha situação, exceto para três amigas de confiança, que também só falava o necessário e recebia ajuda em oração). 

O principio de excluir todas as redes sociais, para mim esse foi um dos melhores. Fiquei sabendo depois de um tempo que a OM fazia questão de postar fotos, falar da gravidez e de como ela estava feliz e amando meu MT, então, o fato de eu não poder ver nem ter acesso a esses conteúdos foi ótimo para mim. Enfim, foram muitas lições. Aprendi coisas que irei levar para o resto da minha vida.

Quando meu esposo me contou que a OM estava grávida, por um instante pensei que era a sentença final para o meu casamento. Eu não tinha filhos, porque ele ficaria comigo e não com ela? Estava acabado. Mas o Senhor me dizia: Não há nada impossível para mim. Quando meu esposo dizia que queria tentar com a OM, mesmo que fosse para ele quebrar a cara; quando as outras pessoas viam os dois juntos fazendo passeios e se divertindo, coisa que não fazíamos há muito tempo, pois ele nunca estava disposto. 

Quando ele mantinha intimidade comigo e saia correndo para se encontrar com a OM (muitas vezes me senti descartável). Quando meu marido terreno me propôs que voltássemos, mas que ninguém poderia saber pois ele não queria magoar a OM, pois ele pensava que poderia fazer mal para o bebê (ficamos uns quatro meses nessa situação); quando meu marido terreno falava que se Deus havia permitido que a OM ficasse grávida e eu, mesmo depois de tanto tempo sem tomar remédio (quase um ano) não, era porque talvez fosse a vontade de Deus que ele ficasse com ela e que eu seguisse minha vida. 

Quando estava sozinha, sem amigos, família, igreja, sem ninguém, o Senhor sempre me ouvia e colhia minhas lágrimas. Meu Marido Celestial nunca me abandonou, nunca perdeu a paciência. Quando eu errava Ele estava ali para me perdoar e me dar uma segunda chance. Ele sempre estava de braços abertos, sorrindo, com seu infinito amor para me acolher.

Quando “deixei ir” meu esposo, parei com toda discussão, com toda argumentação. Quando ele me procurou para propor a nossa reconciliação, eu disse que aceitaria e ajudaria a criar a filha dele. Disse a ele que eu iria orar a Deus para que ele me desse a capacidade de amar essa criança como se fosse minha própria filha, como se tivesse saído de dentro de mim. E eu realmente fiz isso, orei muito e pedi muito a Deus para me dar a capacidade de amá-la e, agora que ela é uma realidade, continuo buscando por ama-la incondicionalmente. Não quero olhar para ela e reviver toda a dor da traição e sim, ver que aquela criança veio ao mundo para mudar as nossas vidas.

Meu esposo nunca chegou a sair de casa, embora estivesse assumidamente com a OM. No começo ele criou uma espécie de redoma de ódio contra mim para se justificar e me culpar por tudo que tinha acontecido, inclusive, falando para todos que a culpa de tudo era minha. Como aprendi o princípio de me calar para todas as coisas, de ser submissa, de assim como Jesus, dar a outra face, aquela barreira de ódio foi se desmanchando. Ele não entendia porque eu continuava fazendo tudo para ele, lavando e organizando suas roupas, fazendo as refeições e o tratando com respeito e muito bem, todas as vezes que nos víamos. Ele acabou voltando a ter confiança em mim. Em alguns momentos até confidenciava algumas coisas do relacionamento adultero. Creio que o fato de mantermos a intimidade durante todo esse tempo também ajudou bastante, pois mantivemos um vínculo físico e emocional. 

Aos poucos ele voltou a dizer que me amava, que não abriria mão de mim. Que jamais se divorciaria, a não ser que eu tomasse essa decisão. A OM sempre o pressionava para se divorciar e assumi-la. Ele nunca fez isso, dizia que assumiria a criança com todas as responsabilidades mas que jamais se casaria com ela pois, ele entendia que Deus jamais abençoaria aquela união. Nossa, fiquei tão feliz quando fiquei sabendo por uma pessoa de extrema confiança que meu MT leu a bíblia pra a OM e mostrou que jamais poderiam ficar juntos, que Deus jamais os abençoaria. Minha felicidade foi saber que o Senhor já estava tocando no entendimento e na visão do meu esposo. O Espírito Santo convence o homem do pecado.

Em uma certa tarde, meu MT me chamou para conversar, em casa mesmo, para resolvermos a situação. Ele disse que não tinha mais nenhum tipo de relacionamento físico com a OM e que estava pagando as despesas dela e a ajudando por conta da gravidez. Ele propôs que voltássemos a ser um casal, porém, que as coisas ficassem como estavam: nossas famílias sabiam que estávamos juntos, mas diante das amizades dele, do trabalho e da sociedade, eu continuaria não existindo. Ele alegou que tinha medo de prejudicar a criança, ou da OM sumir e não permitir com que ele tivesse contato com a criança. Mais tarde descobri que ela ameaçava meu MT usando a gravidez. Mesmo triste com aquela situação, eu concordei. Foi um período horrível, não fazíamos nada juntos, desde ir ao mercado, até comprar uma pizza, era tudo sozinha.

Por várias vezes me senti humilhada, como se ele tivesse me rebaixando ao posto de amante e elevando a OM ao posto de esposa. Tive que manter meus olhos fixos em Deus para vencer a batalha que se travava dentro da minha mente e do meu coração.

Agora as coisas estão melhores. A criança nasceu e é uma linda menina. Ele ainda não me assumiu totalmente, mas já fazemos muitas coisas juntos e voltamos a fazer os programas em família e a frequentar uma igreja também (deixei ir a minha igreja). Aos poucos as coisas estão voltando ao seu devido lugar. Estamos planejando as férias de fim de ano, uma viajem só nós dois. Enfim, estamos fazendo planos para o futuro como uma família.

Não vou dizer que a restauração foi ou está sendo fácil. Não houve um pedido de perdão, ou algo extremamente romântico, com flores, estrelas e lágrimas. Meu MT voltou frio, distante, calado, pouco interessado. Voltou com os mesmos defeitos de antes e alguns deles ainda piores, mas creio que aquele que começou a boa obra é fiel e justo para concluí-la.

Tem momentos que a luta é tão grande que a vontade que dá é de desaparecer sem deixar nenhum tipo de vestígio, mas ai meu Marido Celestial entra em ação e acalma o meu coração, me tranquiliza, me cura e me dá forças pra seguir em frente nessa jornada.

O livro "Como Deus pode e vai restaurar seu casamento" foi a forma que Deus usou para trazer luz e esperança onde só havia trevas e nenhuma possibilidade de milagre, os encorajamentos, os testemunhos, os cursos, o livro "Mulher Sábia". Todos os materiais são, no meu entendimento, direcionado por Deus para restaurar relacionamentos destruídos, principalmente o nosso relacionamento com o nosso Marido Celestial que é o Amado das nossas almas.

Não há nada impossível para Deus. Minha situação parecia sem solução. Havia um filho, o sonho do meu marido e esse filho não era meu, estava no ventre da OM. Quem sabia da minha história não acreditava em uma saída, nem que deveria haver perdão da minha parte, pois como muitos me disseram, o que meu MT fez foi algo imperdoável. Mas o Senhor se moveu em meu favor e moveu o coração do meu esposo. Ele sequer esperou a criança nascer para nos reconciliarmos. O Senhor inclinou o coração dele meses antes para que ninguém tivesse dúvida que foi um milagre e que esse milagre foi o Todo Poderoso quem operou.

Não desistam da sua família, não abram mão. O perdão custa caro, para Jesus custou sua própria vida. O preço do perdão pode ser alto demais para você, mas lembre-se que alguém pagou um valor ainda mais alto para que você fosse perdoada. Não desista jamais, não abra mão da sua família para satanás, pelo contrário, a entregue aos pés do nosso Senhor. Ele tudo pode e Ele vai fazer. E onde era tristeza haverá porção dobrada de alegria, e onde havia desonra, a dupla honra haverá. Ele é fiel, é o Deus do impossível.

Uma Reconstrutora do RMI no Mato Grosso

Fonte: www.ajudamatrimonial.com

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