A glória da segunda casa

“A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Ageu 2.9)

Para compreendermos o significado histórico desse texto, precisamos lembrar que o profeta Ageu exerceu seu ministério no segundo reinado do rei Dário (Ageu 1.1). Nessa época, os judeus haviam voltado (pois estavam cativos) à Terra Prometida por causa de um decreto de Ciro (Esdras 1.1-4). A missão deles era reconstruir o templo, pois o templo construído por Salomão havia sido destruído vários anos antes, quando o povo foi levado cativo por causa de sua desobediência a Deus. Jerusalém e o templo foram destruídos. A missão desses judeus era retomar o culto a Deus e reconstruir o orgulho do povo de Israel, o seu templo, a “habitação do Senhor”, e também sua cidade.

Eles, então, começam a reconstrução do templo, que acaba ficando parada por volta de 18 anos devido a uma oposição externa e do desânimo deles. Porém, depois desse tempo, eles retomam a construção e a terminam. E é exatamente desse templo que Ageu profetiza. Esse templo foi construído pelos judeus liderados por Zorobabel (Ageu 2.4). O interessante é que as pessoas que tinham visto o templo de Salomão em toda a sua glória e luxo, choram ao ver a simplicidade desse templo: “Quem dentre vós, que tenha sobrevivido, contemplou esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é ela como nada aos vossos olhos?” (Ageu 2.3). Porém, Deus promete que sobre esse templo simples estaria uma maior glória do que a que estava no primeiro.

Temos também um aspecto cristocêntrico para este texto, a glória do segundo templo não dizia respeito ao seu tamanho nem ao esplendor do material usado na sua construção – até porque, em comparação com o primeiro templo, o segundo foi capaz de despertar o choro dos anciãos que viram o que fora construído por Salomão. A glória da segunda casa estava ligada à vinda do Messias, de Jesus Cristo, o verdadeiro templo de Deus, o Emanuel, o Deus conosco.

Quando ele diz que a gloria da última casa será maior que da primeira se refere a nós que somos templo do Espírito Santo de Deus. Por isso a glória que está em nós é bem maior que a do templo construído por Salomão. Deus não habita em templos feitos por mãos de homens, mas aqueles que recebem Jesus como salvador, crendo de coração, sendo vivificados em espírito, tornam-se morada do Espírito Santo, mesmo neste corpo nosso corruptível.

Com respeito a comparação deste trecho bíblico com um casamento restaurado, podemos inferir sim, algo semelhante ao casamento restaurado. Primeiro, vemos um casamento onde podia estar aparentemente bem, ou na maioria das vezes não havia paz entre os cônjuges, mesmo com o casal servindo a Deus ou não, e este casamento acaba, por diversas motivações, sendo destruído, acabando em separação, em adultério, havia uma glória nele, mesmo pela exterioridade, mas os corações ainda não estavam convertidos de verdade, ou ainda não estavam aprovados, por isso, veio a prova, o cativeiro, o tempo de cativeiro e lutas e depois o retorno do cativeiro, onde havia a luta para reconstruir o templo, sujeito a desânimos, a falta de ajuda, a oposição dos incrédulos que não queriam ver a reconstrução, e por fim, a simplicidade do novo templo, os fez desanimar, pois parecia não ter a glória do primeiro templo, o primeiro era construído com muitas riquezas, adornos, bem suntuoso, sua glória (não a glória de Deus) estava na sua suntuosidade de sua construção, porém o segundo templo, bem simples, Deus revelaria sua glória mais ainda.

 
Um casamento destruído, uma luta para reconstruir, com muitas oposições, até mesmo oposição do nosso "eu", e por fim, a reconstrução, Deus alcançando as vidas, as transformando, colocando um coração novo nelas, purificando, apagando o passado, e fazendo novas as coisas, um amor provado pelo fogo e aprovado, perdão incondicional, graça e misericórdia nesta restauração de casamento, duas pessoas pensando diferente de antes, Deus se fazendo presente no meio delas, sendo prioridade na vida delas, filhos sendo abençoados no caminho do Senhor e por pais lutadores e tementes a Deus. A glória de um casamento restaurado, por Deus, e não pelo homem, é muito maior, é o Senhor quem faz, para que a glória seja Dele. O último estado é sobremaneira superior ao primeiro, por isso, temos que lutar, temos que buscar ao Senhor de todo coração, para que Ele mude a nossa sorte, e que sejamos Dele, e Ele, Nosso Deus, Nosso Pai, Nosso Senhor, Nosso Salvador.

Francisco de Oliveira