quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Que o nome de Deus seja glorificado. Tive um encontro genuíno com Deus e Ele restaurou meu casamento


Hoje vamos glorificar o testemunho da querida amiga Ingrid, ela veio contar como foi o seu deserto dentro de casa, uns dizem ser mais fácil, outros dizem ser o mais difícil pelo fato de estar vendo tudo que o cônjuge está fazendo. De qualquer forma creio que os dois são ruins, pois estamos separados de quem amamos. Nesse lindo testemunho Deus deu uma nova oportunidade ao casal de recomeçarem.

"Ingrid que Deus abençoe sua vida, seu casamento e que juntos possam construir uma linda família. Toda deserto serve de ensinamento e nos dá bagagem para aprendizados que não teríamos se não percorrêssemos esse caminho, sei que hoje você está sábia e forte para enfrentar grandes desafios sempre com Deus na frente. Abraços!!!"

Sol
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Estou escrevendo esse testemunho para edificar a sua fé, para que o nome do Senhor seja glorificado e toda honra e toda glória seja dada a ele para sempre! E para falar do meu encontro verdadeiro e genuíno com aquele que pode todas as coisas. 

Eu conheci o meu marido quando eu tinha 17 anos e ele 21. Eu estava terminando o último ano do ensino médio e trabalhava meio período para ajudar a minha mãe e meus irmãos com as despesas da casa. Ele mal tinha dinheiro para comprar um pastel na esquina, mas sempre que podia me deixava na parada de ônibus de bicicleta e eu me sentia orgulhosa em ser a namorada dele. 

Eu desejava um homem educado, honesto e trabalhador e a meu ver ele preenchia todos os requisitos necessários para uma vida juntos. Nessa época ele sentia fortes dores no joelho, devido a uma lesão adquirida ao jogar futebol, o que limitava seus movimentos. Sem dinheiro e com a locomoção reduzida, nossos passeios eram as sessões de fisioterapia. Após três anos de namoro ele tomou posse em um cargo público. Acabava de torna-se um servidor e a sua primeira atitude foi me pedir em casamento. Disse que queria ficar comigo para sempre, que iriamos comprar uma casa, ter filhos. 

Eu fiquei de certa forma assustada, apesar de ama-lo não conhecia nenhum exemplo de casamento feliz, nenhuma história bem-sucedida. Eu aceitei o pedido e logo lembrei de uma oração que eu havia feito. ´Senhor, dai-me um homem que me respeite, que queira ter uma vida comigo, que seja honesto e trabalhador'. Ele toda hora dizia que me amava, dizia que teríamos filhos e que nós ficaríamos juntos para sempre. Eu escutava assustada. Como assim alguém se importa comigo? Como assim alguém quer me ajudar? Ele me olhava com tanta ternura, parecia que eu era a única mulher da terra e isso era percebido por todos. 

Mesmo tendo pedido a Deus aquele homem, mesmo ele me tratando igual a uma rainha, eu confesso que o maior sentimento vinha dele. Comecei a me questionar. ´Senhor, porque eu não consigo amar esse homem do jeito que ele me ama, permite que eu seja uma boa esposa, permite que ele seja um bom marido´. Com o passar do tempo Deus foi agindo e o meu sentimento por ele crescia até eu perceber que estava completamente apaixonada. Eu sentia muita vontade de cuida-lo, de respeita-lo e honrá-lo. 

Deus nunca dorme, muito menos esquece dos nossos pedidos e nos dar muito mais do que aquilo que podemos imaginar. O Senhor permitiu que eu ingressasse em uma faculdade no curso dos meus sonhos, que era de certa forma utópico para mim. Um semestre depois dessa façanha, houve um lançamento de uma casa em condomínio na rua onde a minha mãe mora e meu marido, nessa época namorado me convidou para visitar o decorado, fomos os primeiros a fechar negócio, era um sonho! Eu não conseguia dormir de tanta emoção, eu sentia o agir de Deus na minha vida, por mais que eu não tivesse intimidade com o Senhor, sentia que ele estava fazendo uma boa obra na minha vida. Dois anos após o pedido de noivado, casamos! 

Fizemos uma festa linda, em um espaço maravilhoso, ganhamos praticamente tudo que uma casa poderia precisar, foi incrível! Fomos para lua de mel e no decorrer da viajem percebi que havia dado um passo muito importante na minha vida, que agora eu era uma dona de casa e tinha um marido para cuidar. Ficamos dois meses morando na casa da mãe dele devido o atraso da obra e em setembro de 2014 a casa finalmente ficou pronta. Parecia uma casa de boneca, era simplesmente perfeita, mas o sentimento de autossabotagem estava sendo acionado e eu passei a sentir que não merecia tudo aquilo. N

esse período eu realizava todas as tarefas domésticas, estudava, fazia um estágio da faculdade e ajudava a minha mãe nos finais de semana vendendo comida em festas. Apesar de tentar fazer o meu melhor, eu me sentia inferior, colocava o meu marido no centro da minha vida e responsável pela minha saúde mental, pelo meu alicerce. Eu ficava pensando que ele poderia ter escolhido alguém melhor, alguém que tivesse um emprego público, alguém mais bonita. Eu me sentia horrível, mesmo recebendo elogios a vida toda, a minha feiura não era na aparência, era na alma, eu não me sentia digna a nada de bom. 

Eu sentia como se uma pata de elefante estivesse sobre o meu peito. Os pensamentos de suicídio eram recorrentes. Quando o meu marido saía, eu chorava angustiada, eu queria um emprego, queria ser validada pela família dele. Passados dois e meio de casados, a nossa situação financeira começou a ficar delicada. Ele decidiu estudar para outro concurso que seria em outra cidade, e eu dei a maior força, ele passava noites estudando e eu não reclamava, fazia de tudo para que ele obtivesse a vitória. Ele passou em primeiro lugar. 

Eu o admirava, sabia que ele era inteligente, mas primeiro lugar é algo inquestionável. Pensei que esse emprego seria a solução dos nossos problemas, pensei que finalmente seriamos felizes, mas me enganei, quanto mais a data da posse se aproximava mais a minha angustia aumentava, eu chorava o tempo todo, mas agora na frente dele. Dizia que queria ir com ele, mas a nossa situação financeira não permitia, foi horrível. Ele falava que estava fazendo isso pela gente e que eu não deveria ficar assim, pois ele me amava. 

Quando ele tomou posse eu achei que iria morrer, chorava dia e noite, emagreci muito e não parava de pensar que havia perdido o meu marido. Com o passar do tempo ele foi ficando cada vez mais distante, quando chegava em casa aos finais de semana me olhava como se tivesse fazendo algo errado. No primeiro momento eu fechei os meus olhos, pensei que era por conta da distância e que logo ele pediria uma remoção para a nossa cidade e que tudo ficaria bem, mas não ficou! O olhar dele era perdido, as atitudes dele eram soberbas e o cuidado dele comigo já não era o mesmo. Percebi que a marca da aliança no dedo dele estava clareando. Ele comprava muitas roupas, sua vaidade era visível. Eu estava em pedaços. 

Passados alguns meses ele precisou fazer mais uma cirurgia no joelho, essa já era a quarta. E eu estava ali, prontamente para cuidar, fazer curativos, e ajudar em qualquer coisa que fosse necessário. Esse período serviu para ficarmos mais juntos, eu sentir que ele sabia que podia contar comigo, sentir que ele reconsiderou o nosso casamento. Enquanto isso uma colega de faculdade falou-me sobre uma seleção pública. Verifiquei assim que cheguei em casa e logo fiz a minha inscrição, encarei como um passaporte para uma vida nova. Eu estudava mais de oito horas por dia, para mim era tudo ou nada, tinha que dar certo e deu. Passei na sexta colocação na primeira prova que eu fiz. 

Foi uma mistura de sentimentos, por um lado era um sinal que eu não era tão burra assim e por outro lado eu fiquei feliz em ter passado já que eu tinha estudado muito, isso foi um refrigério na minha alma. No final de semana que antecedeu o curso de formação, ele me disse que precisava de um tempo, que tinha se casado muito novo, queria pensar e não iria mais usar aliança. Apesar de saber que o nosso casamento não ia bem, eu fiquei tão perplexa a ponto dos meus sentidos ficarem embaralhados, eu fiquei literalmente à toa; passamos muitas horas conservando. Não sei explicar os meus sentimentos era uma mistura de tristeza e contentamento, já que na segunda feira eu iria começar uma vida nova. 

Cheguei ao trabalho dizendo que era solteira, logo vários rapazes aproximaram-se, e eu comecei a flertar com um deles, mas nunca houve nada, encontro, beijo ou qualquer tipo de envolvimento. A minha autoestima explodiu, eu estava eufórica com a rotina de trabalhadora. Conheci uma colega de trabalho que exalava força. Logo destronei o meu marido e coloquei ela em meu altar, nós erámos carne e unha, falávamos sobre tudo. Enquanto isso, eu havia parado de ligar, de chorar; estava supostamente feliz, mais bonita e ele percebeu tudo isso. 

Começou a me admirar, a me olhar com interesse de compromisso novamente. Decidimos reatar! Viajamos e voltamos a colocar as alianças nos dedos. Para mim era o que faltava para a minha felicidade ser completa, eu tinha o meu marido de volta, tinha amigos e agora também contava com uma relativa autonomia financeira. Começamos a sair, fazer churrasco, receber pessoas em nossa casa, era surreal, eu era feliz e sabia, qualquer um que olhasse para a minha cara poderia testemunhar essa alegria. 

Meu marido conseguiu a remoção para a nossa cidade e com o dinheiro extra, compramos um carro. Nossa! Parecíamos duas crianças com um brinquedo novo. Eu voltei a sentir o agir de Deus na minha vida. Hoje eu sei que essa turbulência que aconteceu em meu casamento foi um deserto, um chamado, um cuidado de Deus comigo, mas eu não entendi, em nenhum momento eu me acheguei ao Senhor, pelo contrário eu destronei o meu marido e coloquei uma colega de trabalho que apesar de ser uma boa pessoa eu acabara de conhecer. 

Não havia lugar para Deus na minha vida, mesmo vendo o fogo descer do céu, eu achava que poderia fazer tudo com a força do meu braço. Então, o que faltaria? Deus! Com toda a sua misericórdia, permitiu que o meu marido voltasse, permitiu que ele me amasse como antes. O tempo passou e eu estava com o meu coração orgulhoso, me achava melhor que os outros, pensava que a vida era minha e poderia fazer dela o que quisesse. Eu estava cega! Na minha cabeça a lição que eu tirei do primeiro deserto era que eu tinha que ser independente do meu marido; emocional e financeiramente, que eu teria que me colocar em primeiro lugar. 

Contudo fiquei com a sensação que a qualquer momento ele poderia chegar e dizer: Acabou! A verdade é que eu não conseguir perdoar, vez por outra eu retrucava, jogava na cara dele alguma coisa com a intenção que ele se sentisse culpado pelo que havia feito comigo. Quando existia algum desentendimento entre nós, me imaginava sozinha, solteira, cheguei inclusive a procurar apartamento, calculava o meu custo de vida. Então, eu me interessei por investimentos, estudei muito e hoje posso dizer que sou uma aspirante do mercado financeiro. 

Comecei a cuidar mais da minha aparência, mas percebi que a minha feiura era interna, existia um vazio, uma tristeza que eu não sabia explicar. Com o passar do tempo minha amiga passou a me enviar mensagens e vídeos de pregações, a mãe dela frequentava uma igreja evangélica e tinha sempre uma boa palavra para um dia de aflição. Eu queria essa paz! Eu estava sedenta do amor e da presença de Deus na minha vida, mas não reconhecia. Até que o Espirito Santo começou a me incomodar a comprar uma bíblia, que eu lia todos os dias antes de dormir, escutava pregações com recorrência e acreditem, eu comecei sentir vontade de viver a palavra e o Espirito Santo passava a exigir cada vez mais de mim. 

Eu estava decidida a procurar uma igreja evangélica. Eu estava diferente. Eu respirava a palavra e pedia todos os dias a presença de Deus na minha vida, tudo cooperava para a minha conversão, até um influencer de investimentos que eu seguia na internet se converteu e passou a falar do livro de provérbios, dos ensinamentos da vida de Salomão. Deus usou um especialista em finanças para ajudar na minha escolha por Jesus. Todos os dias a minha oração era a mesma: Senhor eu quero a tua presença na minha vida, dai-me o dom de ser uma pessoa paciente. 

E mais uma vez o Senhor escutou as minhas preces. Ele fez uma reviravolta na minha equipe de trabalho, colocando pessoas insuportáveis perto mim, pessoas com valores, princípios e procedimentos totalmente diversos aos meus. Isso me deixou irritada, eu estava uma pilha e por mais que eu pedisse paciência a minha rotina de trabalho era repleta de atribulações. Até que um dia após uma discussão bastante acalorada com um colega de trabalho, onde quase fomos a vias de fato, eu fiquei transtornada, eu fiquei com tanta raiva que parecia que a minha alma havia saído do meu corpo. 

Eu cheguei a andar mais de dois metros sem me dar conta como havia feito isso. Após a confusão, um outro colega me pediu para ler o livro de Tiago. Ao chegar em casa foi a primeira coisa que eu fiz e lá estava o Senhor falando comigo em Tiago 1:20 Porque a ira humana não produz a justiça de Deus. Cai em prantos. Todos os dias eu pedia a presença de Deus na minha vida, e por conta da minha ira, havia afastado Deus de mim, como eu poderia ter feito isso? Prometi a Deus que nunca mais a raiva iria me dominar daquela maneira, nunca mais eu afastaria o Senhor da minha vida. 

Não foi fácil! Lutar contra a minha própria natureza, lutar contra as ciladas que todos os dias o inimigo fazia questão de colocar em meu caminho, mais aos poucos com a ajuda de Deus a minha natureza foi mudada, aos poucos a raiva não fazia mais parte do meu dia a dia, e esse foi o primeiro milagre que Deus fez na minha vida no período de busca por ele. Após esse fato passei a postar salmos nas minhas redes sociais, até que o meu irmão me convidou para conhecer a igreja dele. Aceitei o convite! No dia marcado fiquei extremamente nervosa, e disse para Deus: ´Senhor, já que você quer que eu vá para a igreja eu estou indo, mas o Senhor sabe como é o meu jeito, eu não quero chorar na frente de ninguém, eu vou logo dizendo´. Fico imaginando Deus escutando isso. 

Menina você ainda não viu nada. Quando cheguei na igreja sentir-me como se estivesse em casa, senti que Deus se importava comigo e tudo que eu havia passado até ali era para eu chegar naquele lugar e naquela hora, que tudo estava preparado. Passei uma hora e meia chorando, o meu irmão me olhava espantado. Eu estava aquebrantada, sair daquele culto lavada, foi lindo! Em janeiro de 2022, o meu marido decidiu que iriamos reformar a nossa cozinha e eu fiquei muito feliz com a notícia. 

Nesse tempo eu continuava buscando o Senhor a cada dia e com isso o inimigo começou a levantar-se sobre a minha vida. Desde do início da obra da cozinha, sentir o meu marido diferente, ele estava sempre com a cara emburrada, brigava por tudo, por mais que eu evitasse, ele sempre me gritava e reclamava de alguma coisa. O semblante dele estava diferente e eu continuava tratando-o como um rei, não conseguir destrona-lo totalmente mesmo fazendo muita força, ele ainda era o centro da minha vida. 

Enquanto isso, a raiva dele só aumentava, contudo quanto mais ele ficava irritado mais tranquila eu ficava, ele tinha ciúmes de tudo: da igreja, da academia, da minha amiga, do meu celular, de tudo! Quando eu ia para o culto ele reclamava, dizia que eu estava abandonando-o em casa sozinho. O inimigo tentou-me de todas as formas. Primeiro o meu marido brigava sem motivação alguma, era tão visível que ele mesmo ria depois que eu perguntava o porquê da irritação. Depois da obra a minha saúde foi atacada, eu tive duas gripes uma atrás da outra, em seguida tive chicungunha, foi terrível! Fiquei dois dias sem andar, devido ao inchaço nos pés. 

Quando finalmente recuperei a minha saúde, voltei para academia onde apareceu um homem lindo que me olhava insistentemente, me sentir atraída por ele, contudo sabia que era artimanha do inimigo para me levar a morte e nada aconteceu. Troquei de horário várias vezes, mas esse homem sempre estava lá, até que um dia ele finalmente desapareceu. Acho que foi quando o inimigo percebeu que não iria rolar. Em seguida apareceu outra armadilha, uma suposta oportunidade para emprestar dinheiro a juros com vinte por cento ao mês de lucro, sentirme tentada, porém recusei pois sabia que isso não agradaria ao Senhor. 

Por mais que eu me esforçasse o meu marido estava sempre distante, não aceitava convites para sair, ir ao cinema que era uma coisa que gostávamos muito, parecia uma tortura, ele não tinha prazer na minha presença e isso era muito claro. Ele começou a trabalhar de domingo a domingo, e a nossa distância só crescia e pela segunda vez eu fechei os meus olhos, achava que quando o trabalho dele terminasse eu teria o meu marido de volta. 

Eu tentava me aproximar, mas não tinha sucesso, ele estava distante, irritado, sem interesse na minha vida, mesmo no dia em que o meu nariz começou a jorrar sangue sem motivo aparente, ele não quis saber como eu estava. Ele passava dias sem falar comigo e eu sentia que ele estava confortável com essa distância. Até que em novembro de 2022 ele chegou mais cedo do trabalho, foi para o quarto e disse que tinha algo a falar, mas não sabia como, ele disse: que estava muito feliz sozinho como a muito tempo não se sentia, que ele não queria mas ter filhos e era melhor a gente dar um tempo. 

Por mais que eu soubesse que a gente não estava bem eu fiquei arrasada, tive uma crise de pânico na frente dele, o meu peito parecia que tinha sido dilacerado. Ele me olhou espantado, me abraçou e falou que estava ali para o que eu precisasse, que não pensava que eu ficaria daquela maneira, dormimos agarrados e eu me senti segura sentindo o cheiro dele. Na mesma semana em que ele me disse que queria um tempo, recebi a notícia que a minha tia querida estava com um câncer terminal. 

O mundo havia caído aos meus pés, eu só chorava, contudo não sabia por qual motivo, se era pela minha tia ou por ele. Começou o meu segundo deserto, eu não andava, eu praticamente rastejava, passava o dia chorando, não tinha vontade de comer ou sequer tomar banho, passava o dia pensando nele. Como eu encontraria outro homem? Quem seria o pai dos meus filhos? Tudo o que eu vivi foi mentira? Eu me senti lesada. Em um instante todas as juras de amor estavam sob suspeita e todos os planos para o futuro tinham sido roubados. A minha cabeça estava a mil. 

Ele falava que eu havia cuidado dele como ninguém havia feito antes, mas estava feliz sozinho e que não sabia explicar o que estava sentindo. Ele falava tudo de cabeça baixa, ele não conseguia me encarar. O inimigo perturbou a minha mente, eu só pensava em sair de casa e alugar um apartamento sem dizer o meu paradeiro a ninguém. Contei tudo para a mãe dele que contou para o resto da família com a tentativa de convencê-lo do contrário, porém não contei nada a minha família, inclusive para a minha mãe, já que ela estava muito abalada com a doença da minha tia. 

Eu chorei, eu xinguei, mas nada adiantava, por mais que eu estivesse mais perto de Deus eu ainda não sabia o que era descansar, achava que com a força do meu braço resolveria tudo. Os dias eram longos e eu mais parecia um cadáver, perdi cinco quilos em um mês. Ele chegou a dizer que queria seguir a vida, mas como poderia deixar-me daquele jeito. Eu estava repetindo o mesmo comportamento do primeiro deserto, fazendo-me de coitada, no fundo queria que ele voltasse por pena. Tive uma crise de choro no trabalho na frente de todo mundo, depois de mandar uma mensagem para ele terminando o relacionamento. 

Ele respondeu a mensagem concordando com a minha decisão. Voltei para casa aos prantos, esperei ele chegar do trabalho com a intenção de me humilhar aos seus pés. Os meus olhos estavam inchados de tanto chorar. Quando ele chegou em casa, disse que a minha vida se resumia em tarefas domésticas, trabalho, igreja e cuidar das coisas dele. Disse que eu deveria sair, tirar a aliança e conhecer outra pessoa. Disse que iria sair de casa para saber o que realmente queria da vida. O meu mundo caiu completamente. 

Como assim conhecer outra pessoa? Eu disse que não suportaria vê-lo saindo de casa, disse que se ele saísse eu tocaria fogo em tudo. Não sei se ele acreditou em minhas palavras ou se foi o Espirito Santo que tocou no coração dele, pois ele decidiu que ficaria em casa. Chegou o Natal e com ele vários convites de confraternização, recusei todos. Respondia que estava triste pela doença da minha tia, já que não conseguia fingir que estava bem. No dia trinta e um de dezembro, reunir forças e fui a igreja, só Deus sabe como eu estava, após o culto e depois de muita insistência da minha sogra fui jantar na casa dela. 

Quando ela me olhou não pôde esconder o espanto da minha nítida degradação, foi um dia difícil. Minutos antes da meia noite ele insistiu em voltar para casa, quando chegamos, cada um dirigiu-se a seu quarto. Enquanto o mundo comemorava a chegada do ano novo, eu chorava ajoelhada dizendo que essa era a passagem de ano mais triste da minha vida. Pedir a Deus para secar as minhas lágrimas e disse: Senhor eu não aguento mais, nesse ano que está nascendo, eu só quero chorar de alegria, ajuda-me. Acreditem, Deus enxugou o meu pranto. 

Com o nascer do sol eu ainda estava triste, mas não tinha vontade de chorar. Depois da oração meu marido bateu na porta, abraçou-me e desejou-me um feliz ano novo e eu friamente recusei. Passei o primeiro dia do ano com a minha tia, ela estava muito debilitada, foi internada no dia 04 de janeiro de 2023, o mês em que eu estava de férias. Fui visita-la todos os dias, e por mais difícil que fosse a situação era uma maneira de esquecer o meu marido. Eu o chamava de covarde, dizia que ele estava me abandonando no pior momento da minha vida e que ele não precisava fingir que se importava com a doença da minha tia. 

Ele ficou chocado, pois sempre teve preocupação com a sua imagem, parecia que ele não tinha o entendimento do que estava fazendo, pois a perplexidade dele ao escutar qualquer acusação era nítida. Passei a buscar nas redes sociais alguma palavra de conforto e Deus direcionou-me para um canal de restauração de casamento, onde falava sobre posicionamento, em deixar ir, dizia que a batalha não era contra o meu marido e sim contra o inimigo, que a batalha era espiritual. Esse canal me ajudou muito, pois falava exatamente o que eu estava passando e diferente do que eu pensava, existia várias pessoas passando pela mesma coisa. 

Depois de um mês e treze dias eu me posicionei. Desativei as minhas redes sociais, parei de ligar, mandar mensagens ou pedir para voltar. Por mais difícil que a situação estivesse eu não falava nada a ninguém sobre a minha situação e quando a dor aumentava eu via vídeos na internet sobre como eu deveria agir. Meu marido logo percebeu a minha mudança, pois quando a mãe dele disse que não aceitava a vida que ele queria viver, ele respondeu que a única que estava achando ruim era ela por que eu estava bem. 

Ele passou a dormir em outro quarto, a usar outro banheiro, passou a sair à noite, a frequentar lugares que antes detestava, passou a repudiar a mãe e os irmãos dele, pessoas das quais ele sempre teve uma relação de muito carinho. Ele não olhava na minha cara, sempre de cabeça baixa, sempre com a cara emburrada, quando chegava em casa trancava-se em um quarto quente e sem ventilação. O canal de restauração falava que a maneira do inimigo de agir era muito parecida, ele joga setas na mente do nosso cônjuge prometendo felicidade, mas o pecado não cumpri o seu propósito, não existe felicidade apenas ilusão. 

A cada dia a raiva dele ia passando e o sentimento que eu tinha era de pena. Ele disse que estava saindo da relação para ser feliz, mas eu não enxergava isso no rosto dele, o que eu via era uma pessoa opressa pelo inimigo. O olhar dele era triste, parecia que ele estava preso em um corpo que não era dele. Ele chegou a dizer que estava pensando em tirar a própria vida, o que me deixou perplexa, pois ele sempre foi uma pessoa que amou a vida. 

Enquanto isso ele continuava a me buscar no trabalho, as vezes calado, as vezes puxando conversa sobre coisas aleatórias. Depois que eu entendi que a batalha era espiritual, passei a tratar ele bem, pois já sabia que ele estava sofrendo mesmo sem admitir, queria deixa-lo a vontade e fazer da nossa casa um ambiente de paz como sempre foi. O inimigo mais uma vez me atribulou muito, dizia para mandá-lo embora de casa. Não é fácil! A batalha não é para qualquer um, porém entendo que o Senhor só nos dar o fardo que podemos carregar. 

Quando sentia vontade de fazer ou falar qualquer coisa eu perguntava ao Senhor: Pai é da tua vontade que eu faça isso? E ele levantava pessoas para me dizer: Filha descansa, essa luta você não vai conseguir vencer sozinha, eu estou contigo, eu não preciso da tua força para realizar a minha vontade, continua andando. E eu obedecia. Eu comecei a pedir perdão ao Senhor por ter dado brechas para o inimigo, pedia para Deus livrar meu marido daquele cativeiro, fazia campanhas, lia a bíblia, ia a igreja, comecei a jejuar, a acordar as três da manhã para orar pela minha vida e pela vida dele. A misericórdia de Deus se renova a cada dia sobre as nossas vidas e a cada dia eu estava melhor. 

Passei a ouvir muitos testemunhos e isso edificava cada vez mais a minha fé. Eu estava tão cheia do Espirito Santo, a minha fé estava tão firme que decidir começar a escrever esse testemunho, mesmo não tendo nenhum indício de restauração ou de melhora no comportamento do meu marido, o que havia era uma certeza que o meu casamento seria restaurado e que o Senhor era comigo. Pedi ao Espirito Santo para ele me revelar tudo que estava oculto, tudo que Deus gostaria que eu aprendesse naquele deserto. 

Mesmo sendo um lugar horrível, eu não queria sair sem ter aprendido todas as lições. Agora que eu já estava conseguindo levantar a minha cabeça o tempo já não importava, eu queria ter intimidade com Deus. Com um tempo o Espirito Santo foi revelando: Eu colocava o meu marido no lugar do Senhor. Eu achava que poderia fazer tudo com a força do meu braço, o que me causava muita ansiedade. Quando alguma coisa não saia da maneira que eu esperava eu fechava a cara e passava dias sem qualquer comunicação até ele ter a iniciativa de falar. 

Eu era avarenta, queria sair, mas não me importava com a conta, esperava que ele pagasse tudo sozinho. Nas datas comemorativas eu não presenteava, não fazia festa, nem mesmo no aniversário dele. Em fevereiro mais precisamente uma quinta feira de carnaval, ele como de costume foi me buscar no trabalho, no caminho de volta para casa passamos por uma igreja evangélica e ele disse: Esse final de semana essa igreja ficará lotada, pois terá culto sexta, sábado e domingo. Eu respondi: É mesmo! Porém, Deus falou em meu coração: Filha tem alguém que está falando de mim para ele, descansa. 

Chegamos do trabalho e ele começou a escolher algumas roupas, logo pensei: Ele está preparando-se para viajar no carnaval, fingi tranquilidade, mas o meu coração voltava a ficar aflito, tive uma noite de sono atribulada, onde acordei de hora em hora. Pedir ao Espirito Santo para incomodá-lo, para não o deixar dormir, porém quem não estava conseguindo dormir era eu. Sentir-me envergonhada em dizer como Deus deveria agir, como ele iria fazer. Com que autoridade eu poderia fazer isso? O dia amanheceu e ele saiu, então fiz uma oração muito sincera ao Senhor: Se for da tua vontade restaura o meu casamento, mas se não for só não afasta de mim o teu Espirito, eu posso viver sem o meu marido, porém não posso viver sem ti, não apaga a lâmpada da minha cabeça, sei que tua vontade é boa perfeita e agradável e se eu estou passando por tudo isso é porque preciso aprender alguma coisa. 

Foi a hora em que eu coloquei Deus em primeiro lugar e dono da minha vida. Logo o meu coração se encheu de tranquilidade, a paz era tão grande que cheguei a duvidar se ainda amava o meu marido e disse: Senhor será que toda essa tranquilidade é descanso ou é desamor, será que eu ainda quero voltar a ser esposa. E Deus começou a me lembrar dos nossos momentos mais felizes e de como ele se alegrava com a nossa união. 

Segui fazendo campanhas, jejuns, orações, fortalecendo a minha relação com Deus e todas as vezes que o inimigo jogava seta na minha mente, eu perguntava: Senhor é da tua vontade? É isso que o Senhor quer de mim? Escutei uma mensagem dizendo que quando fazemos alguma coisa que não nos traz paz não é de Deus, uso essa estratégia para guiar os meus passos e tem me ajudado muito. 

No dia 25 de fevereiro, uma amiga de faculdade me mandou uma mensagem dizendo que tinha sonhado comigo e eu dizia que eu não estava bem. Fiquei impressionada como Deus cuidava de cada detalhe. Após ler a mensagem o meu coração se encheu de conforto. No mesmo dia fui ao culto, foi uma bênção. As palavras foram: O Senhor não precisa da tua ajuda; Persevere; Deus escuta as tuas orações; Deus te persegue ao encontro dele; O teu tempo no deserto vai te aproximar do Senhor; O tempo é ele, o barro não pode dizer como o oleiro deve fazer. Sentir-me amada. 

Enquanto isso o meu marido respondia com oscilação de comportamento, as vezes tratando-me com atenção, as vezes com repudio. Perguntava-me se estava realmente descansada, pois por mais que eu estivesse lindando bem com as minhas emoções, o deserto continuava desconfortável. Em março de 2023, sentir-me fragilizada e quase chorei na frente dos meus companheiros de trabalho após pedir a ele que não viesse mais me buscar no trabalho, há muito tempo essas caronas estavam me incomodado, pois era uma maneira dele me ver, de marcar território. 

Eu estava tirando o meu time de campo, estava me autopreservando. Ao chegar em casa fui surpreendida com a presença dele na sala, assistindo televisão, coisa que há muito tempo ele não fazia, sentir que ele precisava me ver. As saídas dele já não ocorriam mais, a volta para casa do trabalho eram cada dia mais cedo. Enquanto isso a minha tia só piorava, chegando a ser novamente internada sem perspectiva de retorno para casa. Os meus dias oscilavam. Tinha dia que a glória de Deus resplandecia no meu rosto, os meus olhos brilhavam e qualquer um podia ver o agir do Senhor na minha vida. Havia outros dias que eu era pega pelas circunstâncias, que meu andar era cabisbaixo, que o meu olhar era triste. 

Esses dias eu pedia ao Senhor: Sustenta-me, eu não consigo sem a tua presença, mostra-me tudo que está em oculto para eu possa ter intimidade contigo, eu quero a tua presença, dai-me forças para atravessar esse deserto com sabedoria. No geral eu estava descansada, quando havia qualquer tipo de aproximação da parte dele eu dizia: Senhor no teu tempo e do teu modo, eu não quero um marido a todo custo, eu quero um marido restaurado, um marido liberto de toda opressão, de todo cativeiro. 

Enquanto isso, não tivemos qualquer tipo de envolvimento, no começo porque eu não queria me sentir usada, ser tratada como qualquer uma, eu não admitia migalhas; depois eu não o reconhecia, aquele homem não era nem de longe o meu marido eu não sentia atração por ele. É muito bom está no descanso do Senhor, mesmo orando pela restauração o meu pensamento era: Se Deus quiser restaurar ele é Deus se não quiser ele continua sendo Deus. A minha esperança estava no Senhor. 

A saudade não existia mais, entretanto quando alguém perguntava se eu era casada, respondia com convicção: Sim! Eu sou casada. No meu primeiro deserto cheguei a fazer sessões de terapia para tentar superar o sofrimento e quando o psicólogo perguntou se eu era casada, cai em prantos, a incerteza me torturava. Tomei a decisão de continuar usando aliança, pois a restauração do meu casamento sempre foi uma certeza, mas depois de quatro meses de deserto decidir tirar, pois era um sinal que eu ainda esperava por ele, algo que o deixava soberbo. Hoje lendo esse testemunho vejo que algumas das minhas atitudes foram controversas, mas por outro lado sei que eu não estava em um momento de equilíbrio, eu tinha muito medo de colocar a minha mão, eu tinha muito medo de desagradar ao Senhor, se antes eu revolvia tudo com a força do meu braço, agora eu só quero viver o que Deus tem para mim. 

No dia 25 de março de 2023 o dia acordou cinzento e eu acordei com febre, com o corpo dolorido e sem poder falar muito, a quem diga ser devido a uma virose, mas eu sabia que era devido ao dia em que eu iria chorar a morte da minha amada tia Vânia, uma mulher ímpar, elegante, educada, serena, sábia, amável, forte, incrível! Ela me amou, cuidou de mim, eu sou grata a Deus por ter feito parte da família dessa mulher tão honrada, tenho certeza que agora ela está na glória, no seio de Abrão, na companhia de pessoas ilustres, onde ela merece, um lugar de honra. Eu te amo meu amor e anseio pelo dia em que nos encontraremos de novo. A sua trajetória na terra foi linda, honrada e cheia da presença de Deus. Acabou o sofrimento, agora é só alegria, posso ouvir a sua gargalhada, até logo minha linda! 

O velório foi realizado em outra cidade e o meu marido se depôs a nos levar. Eu esperava que ele ficasse apático a tudo, mas sei que foi o Senhor quem o levantou para nos ajudar nesse momento tão difícil. Apesar de todo apoio ele demonstrava oscilação no comportamento, hora parecia muito bem sozinho, confortável com a nova vida, contente com a escolha que fez, hora estava abatido, tomando remédios, coisa que ele jamais fazia, tentando uma reaproximação, comprando comidas que comíamos juntos, mas não falava em voltar. Eu permanecia tranquila, tratando-o com educação, contudo só respondia o que ele perguntava sem prolongar qualquer assunto. Eu não conseguia mais viver sem a presença do Senhor. O meu Deus! Como eu pude ter passado tanto tempo longe de alguém que me ama tanto, que cuida de cada detalhe, nada mais importava, não existia solidão, não existia quarto escuro, murmuração. 

Meu marido saiu do relacionamento muito seguro de eu era completamente apaixonada por ele, e eu correspondi essa sensação por muito tempo, mas hoje eu entendendo que eu não o amava, eu o idolatrava, eu o coloquei no lugar de Deus, que vergonha Senhor, eu peço perdão por isso. Não consigo descrever como é essa paz que excede todo entendimento, mas só posso dizer que é incrível! A restauração do meu casamento passou a ser algo totalmente secundário, coisa antes impensada. 

Quando eu realmente descansei, Deus começou a me dar revelações através de sonhos. O primeiro sonho: eu vi três caixões, o primeiro da minha mãe, o segundo do meu marido e terceiro da minha amiga, em cima de cada caixão tinha o número 60. O meu entendimento foi que eu estava enterrando todas as pessoas que eu havia colocado no lugar de Deus. E que o número 60 eram os dias em que eu passaria no deserto, que no total seria 180 no caso 6 meses. 

Durante o deserto afastei-me da minha amiga, mesmo sabendo que ela me daria apoio emocional, mas depois desse sonho entendi que era um caminho em que eu deveria seguir sozinha. Essa decisão foi correta? Como eu disse anteriormente foi o meu entendimento do momento. O segundo sonho: Eu andava por um caminho que era repleto de lojas coloridas, de restaurantes renomados. Era um caminho muito bonito, em que no final eu me deparava com um homem bêbado que me aporrinhava, mas eu conseguia me desvencilhar dele e logo em seguida o meu marido aparecia, dizendo: O que foi meu amor, eu estou aqui eu sempre estive aqui, e eu respondia dizendo você não sabe o que eu passei. 

O terceiro sonho: Eu estava sentada no sofá da minha casa juntamente com o meu marido, nós olhávamos para as paredes da casa que estavam cheias de infiltrações, tinha muita sujeira e o teto quase desabando. Eu olhada para tudo com muita tristeza e ele segurava a minha mão e dizia: Meu amor eu vou arrumar tudo, a nossa casa vai ficar linda, o pedreiro já deve estar chegando. Durante o meu deserto eu não comentei nada em meu ambiente de trabalho, as pessoas notaram que o meu marido havia deixado de ir me buscar, notaram que eu não estava usando aliança, mas não comentavam nada na minha frente. 

Nesse período apesar da morte da minha tia e de todas as circunstâncias, eu continuava falando das maravilhas do Senhor. Eu nunca gostei do lugar de coitada, esse sempre foi um lugar do qual eu fugir, e no decorrer dos dias eu vi Deus fazer maravilhas: A restauração do casamento de um colega que já havia dois anos de separação, que era uma pessoa bastante entregue aos prazeres da carne. A conversão de outra amiga que era sedenta do amor de Deus. A mudança no meu ambiente de trabalho era perceptível. Deus estava libertando pessoas do pecado e do engano. 

No começo resolvi não falar sobre o meu deserto por vergonha, pois a separação remetia-me a um fracasso que eu não estava disposta a assumir, mas depois Deus confortou o meu coração de uma maneira tão surpreendente que eu não me sentia mais fraca, eu tinha vontade de orar e abençoar a vida de outras pessoas. A respeito da área financeira, o meu marido continuou honrando as contas de casa, algo proposto por ele. Enquanto isso eu renovei todo o meu guarda-roupa; cuidei mais do meu cabelo; voltei para a academia; enfim; investir na minha aparência o que de modo geral refletia na minha saúde mental. 

O meu deserto foi dentro de casa o que no início foi bem dolorido, principalmente quando ele saia arrumado ou quando voltava tarde em casa, algo que com o passar do tempo e depois de descansar verdadeiramente no Senhor passou a não me afetar mais, fazendo-me duvidar se eu ainda queria a volta. A respeito do convívio dentro de casa, tirando a primeira fase que foi de brigas e acusações, voltou a ser como sempre foi, um lugar de paz, o que só foi possível depois do meu descanso, o que demorou um mês e treze dias para acontecer. 

Em todo o período em que ficamos casados eu sempre o tratei com educação, com carinhos e elogios. Cuidava para que a casa sempre estivesse limpa, roupa lavada e comida pronta, mas quando ele disse que queria sair do relacionamento, falou que a minha vida era resumida em: Cuidar dele, trabalho, casa, igreja e estudos. Hoje eu consigo rir das acusações, o inimigo não conseguiu acusar-me, porém o meu maior erro foi colocar o meu marido no lugar de Deus e isso eu só pude entender depois. 

O meu marido passou a dormir em outro quarto, a lavar as próprias roupas, a fazer a própria comida, porém não tirou as roupas do nosso guarda-roupa, tudo decidido por ele. Enquanto a mim, concordei com todas as decisões, não fiz qualquer tipo de cobrança, mas a cada início de mês eu preparava-me para a partida dele, mesmo vendo a tristeza em seu olhar e tendo a certeza que Deus iria restaurar o meu casamento, não podia dizer quanto tempo o deserto iria durar. No decorrer do meu deserto eu sempre tive temor de colocar Deus a prova, de colocar a minha mão, mas ao ouvir um testemunho eu decidir pedir um sinal a Deus. Eu disse: Senhor me dar um sinal, se em sete dias o meu marido fizer uma proposta improvável é porque o meu casamento vai ser restaurado antes do nosso aniversário de casamento. E no sétimo dia, meu marido chegou mais cedo em casa pediu que eu fizesse compras com ele, algo que há muito tempo ele não fazia. 

Desde o início do deserto ele deixou bem claro por diversas vezes que não queria sair comigo, que ele seria o responsável por fazer as compras de casa. E no dia 17 de maio de 2023, cinco meses e vinte dias de deserto, eu acordei agradecendo ao Senhor, cantando louvores e enchendo-me da palavra de Deus, eu me sentia grata por tudo que eu havia passado, por todas as provações e aventuras do deserto. Então após o almoço decidir enviar uma mensagem para o meu marido de maneira despretensiosa, sem esperar nada em troca, sinceramente. Escrevi: Obrigada por tudo, sou grata por cada detalhe, através de você eu pude acordar. 

Meia hora depois ele chegou em casa assustado, com uma cara de choro dizendo que gostaria de corrigir o que fez, que queria tentar fazer diferente. Falou que já tinha o nome dos nossos filhos e se sentia muito bem em nossa casa e ao meu lado, que eu só fazia o bem para ele. Eu o tratei com ternura, eu disse que não estava em posição de acusação que tinha a minha parcela de culpa, disse que se eu não tivesse capacidade de perdoa-lo eu também não merecia perdão. 

Desde então estamos tentando seguir a nossa história e a cada dia tem sido melhor, vejo o esforço dele na restauração. Permaneço em oração e sei que só o Senhor tem o poder de fazer esse milagre. Quando a minha tia faleceu uma parte em mim também morreu, acredito que até o último dia da minha vida lembrarei dela com carinho. O meu deserto não foi fácil, mas como eu já mencionei Deus não nos dar nada que não podemos suportar. 

Hoje eu sou muito grata por tudo que eu passei. Hoje eu amo a Deus sobre todas as coisas, o Senhor para mim é a lei do ouro, o ar que eu respiro e eu sou completamente dependente dele, ele é tão certo com o sol que nascerá amanhã. Quando os dias eram cinzentos eu meditava: O Senhor é bom, o tempo todo é bom. Antes eu clamava a Deus por obediência, mas hoje eu posso falar como Jó 42:5 Antes eu te conhecia de ouvir dizer, mas agora os meus olhos te veem. Permitir a entrada de Deus na minha vida foi a melhor coisa que eu fiz. Reconhecelo como Pai me tornou filha, herdeira do reino, e isso é maravilhoso! 

Depois de ter colocado Deus em primeiro lugar, eu passei a me sentir verdadeiramente amada, e com a capacidade de amar as pessoas de verdade, isso me deixou mais segura, mais feliz, mais compreensiva. Mesmo tendo a certeza no meu coração que não era uma reconciliação e sim uma restauração, resolvi divulgar esse testemunho após três meses, pois de alguma forma Eclesiastes 3:1 vinha muito forte em meu coração: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Me despeço com a palavra que eu mais meditava durante o meu deserto: Josué 21:45 De todas as boas promessas que o Senhor fez ao povo de Israel nenhuma delas falhou, todas se cumpriram.


Ingrid
ingridalacoc@hotmail.com

4 comentários:

  1. Que testemunho lindo Ingrid!
    Que o Senhor abençoe a vc e sua família!
    Obrigada por compartilhar conosco.

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  2. Lindo testemunho Ingrid. Que Deus abençoe sempre sua vida e seu lar obrigada pelo testemunho 🙌🏽🙌🏽

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  3. Obg por este testemunho lindo. Deus a abençoe!

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