Testemunho de cura de câncer e de conceber o dom de gerar uma vida

Meu Deus como não glorificarmos um testemunho tão profundo, cheio de fé e de milagres?? A nossa querida irmã Cyntia veio nos contar como o Senhor a curou do câncer e ainda lhe concedeu o sublime dom de ser mãe, um testemunho lindo de como Deus é um pai maravilhoso e como Ele nos socorre quando mais precisamos. Obrigada Cyntia por compartilhar desse lindo encontro com Deus. 

Sol 

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“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7) 

Esse testemunho não é recente, e lembro-me da promessa que fiz a Deus de anunciar os bens que Ele tinha me feito, o tempo vai passando e infelizmente vamos tirando o Pai do lugar que é Dele de direito nas nossas vidas e nos esquecemos das promessas que fazemos a Ele. Esse último mês, ao me reaproximar do Pai, Ele tem me lembrado e me incomodado (Glórias a Deus) para testemunhar e engrandecer o nome Dele, afim de que outras pessoas possam receber ânimo e esperança através da minha história. Eis me aqui Senhor, me perdoe por me calar por tanto tempo. 

Me chamo Cyntia, fui diagnosticada com Leucemia no ano de 2011, era véspera de Natal, e lembro que o médico que consegui com muita luta que me atendesse nessa época, me disse antes de me dar o diagnóstico: “Aproveita bastante seu natal, curta o máximo que puder e no dia 25 eu te ligo” , aí pensei: “ Já era, vou morrer!” e ele ligou mesmo, de manhã bem cedo me chamando para ir ao seu consultório para conversarmos, me deu o diagnóstico e me encaminhou urgentemente para um outro médico que atuava diretamente nesse caso, onde me explicou que eu teria que me submeter a um tratamento na qual a medicação seria em torno de 11 mil reais por mês, e ainda sim a estimativa de vida seria em torno de 5 anos. 

Após um tempo de tratamento, no qual eu não me dava nada bem, disse que se eu continuasse rejeitando a medicação eu não sobreviveria nem um ano. Deus é tão maravilhoso, que desde o diagnóstico, que ocorreu alguns meses antes do meu casamento, eu não me senti triste em nenhum momento, pois o tempo todo o que vinha em minha mente era que aquilo não seria para minha morte e sim para engrandecer o nome do Senhor. 

Antes de eu mesma saber de todas as dificuldades do tratamento, Deus já estava trabalhando, colocou em meu caminho médicos maravilhosos que me incluíram nos tratamentos pelo SUS, antes mesmo de eu comparecer a consulta (Sim, o laboratório apavorado com meus resultados, já contatou um dos médicos que eu iria ser atendida e ele já providenciou tudo antes da consulta). Glória a Deus, Ele cuida de mim! E com os tratamentos sendo feitos pelo SUS, eu teria direito de receber por ele a medicação de alto custo. 

O início do tratamento não foi fácil, foram dias regados a desmaios, fraquezas, perdas de movimentos da cintura pra baixo, vômitos, emagrecimento súbito e intenso, palidez na qual não tinha nenhuma pessoa que não notasse e muito mal-estar. Na época eu fazia faculdade, e embora estivesse muito difícil prosseguir eu não desisti, pois sabia que Deus me daria a vitória. 

Em 2012, sem nenhum alarde, tive 17 crises convulsivas em menos de 2 dias. Iniciaram-se na faculdade, e de lá meus companheiros me levaram para o hospital. As crises não cessavam nem mesmo com medicamentos, até que fui para sala vermelha, aguardando um vaga para o CTI. Meu cérebro já não tinha espaço para oxigenação, estava muito agitada e por isso aumentavam ainda mais a sedação. 

Os médicos disseram ao meu marido e familiares que não teria mais esperanças e que provavelmente eu não sairia dali com vida, liberaram as visitas para a despedida ali mesmo na sala vermelha. Nessa hora, onde eu não tinha possibilidades de orar, mas sei que minha mãe e marido, bem como irmãos e amigos intercederam por mim e Deus ouviu suas orações. Aleluias! 

Foram 11 dias no CTI e mais alguns dias no quarto, eu já não falava, não tinha nenhuma coordenação motora e cognitiva. Quando recomecei a “falar” ali mesmo, era notório a confusão mental. Disseram-me que eu louvava a Deus a todo tempo, era como se eu tivesse me desligado do mundo terreno e me deliciasse nos meus momentos com o Pai Celestial. 

Eu sei que foi uma experiência perfeita...porque a palavra final vem de Deus e Ele não me deixou perecer, mas me deu vitória com uma recuperação que nem os médicos entenderam (eles disseram que era impossível sair desse quadro de 17 crises convulsivas sem sequela, e aqui estou eu SEM NENHUMA SEQUELA!) Me recuperei aos poucos, e em meio a recuperação ainda conclui minha faculdade. Não foi fácil, mas Deus sempre esteve comigo e tornou toda dificuldade em aprendizado e me deu a oportunidade de ser prova vida do Seu amor incondicional. 

Esse versículo em que iniciei o testemunho, foi o versículo que Deus me deu ainda no hospital. Eu nunca o tinha lido, e ainda sim, dizia esse versículo o tempo inteiro. Quando me recuperei, fui procura-lo nas escrituras e lá estava ele... não foi tirado da minha cabeça, foi Deus que me deu! Glórias a Ele. Deus ter me livrado da morte foi maravilhoso, mas ter tido a oportunidade de viver essa experiência com Ele mudou a minha vida e tudo que eu era. 

E ainda ver, vidas sendo restauradas através do que eu passei me faz me sentir realizada sempre que lembro ( Uma médica que estava afastada da vida cristã na época, veio em minha casa e me disse que aquela situação mexeu tanto com ela que a fez voltar para os braços do Senhor, uma enfermeira do hospital que sempre presenciava meus louvores, entregou sua vida pra Jesus e meu médico que no ínicio do meu tratamento não acreditava em Deus, pode vivenciar de perto os milagres Dele em minha vida e hoje pode acreditar que Deus existe e é fiel. ) Obrigada Senhor por me usar para ser instrumento em suas mãos, eu não precisei falar nada, mas a Tua fidelidade pôde ser testificada em minha vida! 

Gravidez 

Iniciei meu tratamento para Leucemia em 2011, o ano também que me casei, meu esposo foi enviado por Deus, atencioso, carinho e um grande companheiro. Foi essencial para o progresso do meu tratamento. Antes de iniciar o tratamento, o médico já havia me dito que eu não poderia engravidar, as medicações eram teratogênicas e não poderia interromper o tratamento para engravidar pois os riscos para minha vida seriam muito grandes e com o tempo o tratamento me faria estéril. Confesso que isso me fez derramar algumas lágrimas, mas também me fez ir aos pés do Senhor que me fez descansar e viver um tempo de cada vez.  

O tempo foi passando, e o desejo de me tornar mãe foi crescendo de tal forma em que eu não podia mais controlar e só pensava nisso, era tema constante das orações diárias. Mas os médicos sempre jogavam um balde de água fria nos meus planos e com isso faziam com que meu marido e minha mãe não me apoiassem mais nesse sonho. Fui a vários médicos com a esperança de que algum me daria a oportunidade de vivenciar a maternidade, mas TODOS me disseram para esquecer essa história. 

Mergulhei em pesquisas e mais pesquisas em busca de uma pessoa que tivesse a mesma leucemia que a minha e que tinha conseguido engravidar. Não encontrava nenhum estudo que falasse de uma possibilidade, mesmo que mínima. E as meninas que encontrei que engravidaram (duas), descobriram a leucemia em fase inicial no meio ou no final da gravidez, não tinham iniciado ainda o tratamento e assim, o protocolo tinha sido outro. Mas já me dava esperanças de que pra mim também teria jeito. Mesmo que nem mesmo elas me aconselharam a seguir em frente, na verdade me aconselharam a seguir o conselho dos médicos e desistir. 

Eu via conhecidas anunciarem a gravidez, e pensava: Todo mundo será mãe, menos eu! Cheguei a orar a Deus, que caso aquela não fosse Sua vontade também que Ele tirasse esse desejo do meu coração, abrisse as portas para uma adoção ou qualquer coisa que me tirasse aquela dor de não poder gerar um filho e vê-lo crescer, mas essa vontade ao invés de diminuir só cresceu! Nesse meio tempo, me revoltei...parei de tomar os remédios, porque se minha vida fosse somente restrição que ela seguisse seu rumo sem qualquer intervenção também, afinal, aquela vida de restrições, e puro mal estar... não era exatamente o que podia se chamar de vida (Que tola e ingrata eu fui). Mas Deus não desistia de mim, nunca desistiu! Ele sempre me fazia voltar pra Ele, eu sabia que Deus tinha planos em minha vida, Ele me fazia me lembrar sempre! Voltei com os tratamentos e já que meu sonho continuava vivo, vivíssimo... mergulhava em petições a Deus por um filho. Me via na história de Ana, pedindo seu Samuel. 

Em 2015, quando iniciou as crises no meu casamento (Isso é assunto para um próximo testemunho) e em meio a umas das tentativas de nos entendermos, ENGRAVIDEI! E quando ouvi seu coraçãozinho então, eu estava nas nuvens. Eu estava tão feliz, que nem lembrei que meu casamento não andava bem. Eu não podia acreditar, o medo também veio. Medo da reação da minha mãe, do meu médico. Enfim, parei o tratamento por conta própria e corri pro meu médico o mais rápido de consegui, ele PIROU! De uma forma carinhosa me chamou até de irresponsável, mas eu dizia a Ele que Meu Deus estava no controle. 

Não aceitei um tratamento complementar, pois não tinha estudos sobre ele e não sabiam me responder se ele afetaria meu filho. Não quis correr o risco. Minha mãe estava apavorada, mas eu tentava passar pra ela o máximo de segurança. Após um tempo, quase 4 meses...meus exames começaram a se alterar rapidamente, e meu médico com receio do que poderia acontecer, me encaminhou para um outro médico que marcou minha internação para realizarmos um procedimento chamado “leucaférese” , retirando assim as células imaturas que cresciam rapidamente e que com certeza afetariam minha saúde e a do bebê, foi cogitado até mesmo a retirada do feto, mas me opus na hora, eu não aceitaria! 

Faria o que fosse preciso para que continuássemos juntos, eu QUERIA aquele filho não importava o que eu tivesse que passar. Um dia após o casamento da minha irmã mais velha, quando estávamos voltando do aeroporto na qual fomos leva-los, comecei a sentir pequenas cólicas, como eu já havia sentido antes e não era nada e minha internação seria no outro dia, fiquei de repouso e em constante oração...cheguei a sangrar um pouco naquela madrugada, mas fiquei ali quietinha suplicando ao Senhor que não fosse nada. Me internei de manhã, e senti que sangrava um pouco. 

Logo falei ao médico e me pediram repouso absoluto. Como estava internada a uma hora da minha cidade, meu marido precisou voltar para trabalhar e minha mãe iria no outro dia ficar comigo. Pouco depois que meu marido foi embora, me levaram para uma ultrassonografia, para certificar que estava tudo bem com o bebê mesmo com aquele pequeno sangramento. O silencio na hora do exame, me mortificou. Eu só pedia: “Meu Deus, que não seja nada! É meu filho!”, o médico só olhava pra tela e eu esperando que ele dissesse está tudo bem. No entanto, ele pegou na minha mão e disse: “Eu não queria ter que te dar essa notícia, mas não consegui localizar o coraçãozinho do seu bebê... ele parou a aproximadamente a duas semanas atrás. 

Eu me recusava a acreditar, eu não podia acreditar. Eu não conseguia esboçar nenhuma reação, eu só pedia pra Deus que aquilo não fosse verdade, fosse erro médico ou que Ele desse vida ao meu bebê! Ele não fez nada disso, mas me consolou como um pai consola uma criança, me pegou no colo, enxugou as lágrimas do meu coração (porque nem chorar eu conseguia), confesso que me senti morta, como seu eu não respirasse. Era uma dor tão grande que lágrima nenhuma conseguiria aliviar. Meu peito dói enquanto escrevo essas palavras e me retorno ás lembranças dos momentos mais angustiantes da minha vida. Liguei pro meu marido que tinha acabado de chegar a minha cidade, mas retornou imediatamente ao meu encontro. Eu estava anestesiada por dentro. 

Ainda fiquei internada por mais 5 dias após a curetagem e normalização dos exames. Sair daquele hospital sem o meu bebê foi desastroso, meu coração sangrava. Eu não conseguia respirar e ainda sim, me fazia de forte mas dentro de mim, estava em pedaços. Os dias, semanas se seguiram, eu não conseguia mais trabalhar e saí do emprego. Só chorava, não conseguia ficar sozinha, não conseguia sair, agradeço demais meu marido por todo apoio nesse período e em todos os outros. Meu sonho tinha acabado, com esse episódio eu nunca mais poderia engravidar, ninguém aceitaria, ninguém apoiaria. 

Eu me afastei de todos, da minha família, dos meus amigos, principalmente daquelas que engravidaram depois disso, eu não suportava ver isso, eu não suportava ver um bebê ou uma grávida. Não que eu as quisesse mal, mas eu ficava destruída, era como se a ferida, que nem havia de se fechado, se escancarasse novamente! 

A partir daí minhas orações foram só em função de Deus me dar outra oportunidade, as possibilidades poderiam ter diminuído drasticamente, mas Deus não deixou meu sonho morrer. Lembro que eu e meu marido ficamos 45 dias separados (meu casamento continuava em crise mesmo depois da perda, claro). Nesses dias, meu foco deixou de ser um filho, para restaurar meu casamento, mas eu ainda clamava por um filho. Eu sempre falava pro meu médico:” Eu não desisti, não me peça para abandonar meu sonho, porque eu terei esse filho com seu apoio ou não. Se não fosse vontade de Deus, Ele já havia tirado de mim esse desejo”. 

Um ano após o aborto retido, em meio a madrugadas de orações e súplicas a Deus por um filho descubro que estava grávida novamente! A felicidade tomou conta e Deus não me deixou temer mal algum. Dessa vez só contei ao meu marido e médico. Iniciamos um período difícil, dessa vez aceitei o tratamento paliativo, confiando que Deus não deixaria afetar meu filho de forma alguma. Foram os 9 meses da gravidez indo ao hospital TODOS OS DIAS tomar um quimioterápico injetável, chegou um momento que eu não tinha mais forças nem para pentear o cabelo sozinha, meu marido e mãe me ajudavam nos banhos, eu só emagrecia. 

Passava mal 24 horas por dia e as enfermeiras tinham que ir aplicar o medicamento em minha casa mesmo, mas mesmo assim em glorificava a Deus, meu bebê estava crescendo a cada dia, super saudável e eu o podia sentir. A gravidez não foi, nem mesmo de longe fácil, mas Deus me sustentou TODOS OS DIAS! Na reta final da gravidez, estava com anemia profunda, precisei tomar bolsas de sangue e logo já sentia os primeiros sinais da dilatação. Não tive o parto normal que eu tanto esperava, mas já estava feliz por estar tão perto de ter meu filho nos braços que não me importei muito com a mudança de planos. 

No dia 19/05/2017, nasce o filho da promessa, o filho que Deus não me permitiu desistir! Mesmo que tudo falasse o contrário, mesmo que todos se mostrasse contra esse sonho. Eu confiei no Senhor e Ele me concedeu o desejo do meu coração. 

"Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará" (Salmos 37:4-5) 

Forte, saudável, ativo e LINDO! 

Deus não faz a obra pela metade, eu ainda estou tratamento da Leucemia, mas depois que meu filho nasceu, minha saúde foi RESTAURADA. Não me sinto mais doente, o remédio já não me faz mal. Tenho uma saúde de ferro! Ele foi e é a minha cura todos os dias. Não tenho palavras para agradecer a Deus, por nunca me abandonar, mesmo eu o abandonando. Todos os dias posso ver o Quão Deus me ama, o Quão Ele é maravilhoso, tremendo e FIEL! Ele é Fiel!!!!!! 

Cyntia Dias

cyhdias@hotmail.com