O deserto realmente é uma escola, quando acreditamos que saímos dele e nunca mais entraremos percebemos que nos enganamos, pois durante toda nossa vida há vários desertos e saber sair de cada um deles não é realmente uma tarefa fácil. Hoje nossa querida amiga Bruna veio testemunhar como foi necessário o deserto para que pudesse ser curada emocionalmente.
Bruna tudo que passou e está passando servirá como base para vivencias exitosas que você entenderá apenas no futuro, sabe quando nossa mãe diz "não faz isso que machuca e nós fazemos", então muitas vezes precisamos passar para aprender. Guarde cada ensinamento no coração porque sua vitória virá e será de grande alegria. Aguardo seu testemunho de restauração de casamento, creio que em breve contemplaremos essa obra.
Sol
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Quando entramos no deserto, as escamas começam a cair, e começamos ver nossos erros e do cônjuge, e então passamos a ver que nossa vida não era tão perfeita como achávamos. Esse não é meu primeiro deserto de separação, e quando entrei novamente aqui, na minha arrogância, pensei que dessa vez seria pra mudar meu marido, pois "eu já tinha me mudado muito, me esforçado muito para salvar o casamento, agora era a vez dele", mas quanto mais negamos olhar para nós mesmos, mais vamos rodar aqui nesse deserto quente.
Para explicar sobre meu processo de cura, preciso contar um pouco da minha história, para que vocês possam entender como cheguei até aqui. Tive uma ótima infância, sendo a filha mais nova de 05 filhos, sendo mimada e amada por todos, com bons ensinamentos, com boa condição financeira, com tudo o que uma criança pode querer. Tinha um pai muito amoroso, muito a frente de sua época, pois os homens mais velhos de antigamente, eram rígidos, secos, mas o meu não. Meu pai me contava histórias, passeava comigo me levando no cano da sua bicicleta, ia às reuniões da escola, enquanto minha mãe, tem uma linguagem de amor totalmente diferente, de ordens de serviço, ou seja, seu modo de agradar é comprando algum presente, fazendo algo que gostamos de comer, mas nunca soube muito conversar ou expressar afeto com toque, como abraços ou beijos.
Meus irmãos, foram se casando, e saindo de casa, e então veio um agressivo câncer no estômago do meu pai, e ele foi recolhido poucos meses depois, e com 10 anos, de uma casa cheia e feliz, passamos a morar somente eu e minha mãe, num ambiente muito estranho pra mim. Hoje, com a ausência dos cônjuges, sabemos o quanto a dor nos machuca, e o quanto é difícil pra cada um absorver essa dor. Minha mãe mudou muito com a partida do meu pai, começou a investir na reforma da casa (meu pai sempre foi bem econômico, vieram do interior, onde apanhavam café, e construíram uma boa casa e alguns terrenos como renda, porém tudo simples), ela fez uma casa com tudo do melhor, porém aquilo não a satisfez e começaram os procedimentos estéticos, as viagens com amigas, os bailes aos domingos.
E eu? Comecei a passar muito tempo sozinha em casa, e no início da adolescência, começou a época de "ficar" com os garotos. Comecei também a ouvir rock (o que não é nada demais na verdade o ruim é o meio em quais essas músicas seculares são tocadas, e a necessidade de um jovem se enturmar), então veio a época da rebeldia, das roupas rasgadas, palavrões, experimentar bebida, cigarro, drogas, pra fazer parte dos descolados. Com a graça de Deus, só experimentei maconha, sempre tive medo de vícios, e perder a autonomia, e nunca experimentei nada mais forte. Também não gostei da sensação de maconha, e preferia mesmo o torpor que o álcool trazia.
Com 13 anos, minha mãe me colocou para trabalhar na loja de um tio, para que eu ficasse menos tempo na rua, por um lado foi bom, para adquirir responsabilidade com compromisso, horários, porém, também foi ruim, uma garota sem a menor maturidade com dinheiro na mão. Com 14 anos comecei a namorar um bom rapaz, e creio que foi o cuidado de Deus na minha vida, para sair desse caminho, pois com o carinho, passamos a ficar na casa dos familiares desse menino, pois ele tocava, e sua mãe acolhia os meninos em casa. Um relacionamento pra mim foi o máximo, pois novamente me senti amada, sentia que alguém se importava comigo, queria conversar e estar na minha presença.
Namoramos um bom tempo, até que chegamos por volta de 17 anos, e minha mãe começou a reclamar que o menino não trabalhava, que eu iria sustentar vagabundo, etc. Porém era a época de se alistar no exército e o menino não estava arrumando nada. Porém aquilo foi me irritando, pois eu não podia mais estar com ele nas festas familiares, minha mãe só reclamando, e fui desanimando. E então, entrou um novo garoto no trabalho que passou a dar em cima de mim, com muita insistência.
Terminei com meu primeiro namorado, e já comecei a namorar com esse garoto que trabalhava comigo, mas foi algo breve, por volta de uns 7/8 meses de namoro ele já terminou comigo, e apareceu na outra semana namorando uma garota do trabalho ao lado. Mas o pior estava por vir: alguns dias depois, comecei a me sentir estranha e descobri que estava grávida, aos 17 anos. Aquilo pra mim foi a morte, pois o meu maior sonho era ter novamente uma família feliz e estruturada, igual a que eu tinha quando era criança. Meus planos sempre foram ter uma boa profissão, me estruturar e ter a família que eu perdi quando as coisas mudaram, e lá se iam todos meus planos por água abaixo.
Com 17 anos, grávida, ainda no ensino médio, nem mesmo namorado tinha e ele já tinha outra, que derrota. A depressão veio forte, passei todos os meses da gestação a base de antidepressivos, só chorando, sem comer, me escondendo em casa, para ninguém da escola me ver. Ao final da gestação, eu estava com uns 15 quilos a menos, do que sempre pesei normalmente, todas as minhas calças tinha que segurar com cinto. O pai do meu filho, não sei se por pena ou peso na consciência, começou a vir algumas vezes e ficar comigo, e então começou a saga: ele com as duas, pra namorada, dizia que ia em casa, somente para ver o filho, e pra mim, dizia que não estava mais com ela. Então já nessa época, vivi o que a maioria das pessoas vive nos desertos no casamento, a outra mulher, vindo em casa, falando que era otária, que ele amava era ela, ele mentindo, e sempre que ele voltava, eu aceitava, porque afinal, queria criar meu filho com ele. Mas quando ele estava comigo, eu sem a menor maturidade, só reclamava, perguntando se ele estava pensando na outra, me vitimizando e etc. Até que ele terminou com essa primeira, e vieram várias a seguir rs.
Foi nessa época que me converti, mudei muitas ações, mas minha busca principal era para que Deus me permitisse novamente ficar com o pai do meu filho, ou então que me permitisse ter um marido que me amasse e construir a família que sempre sonhei. Foi até nessa época que conheci o livro da Erin, "Como Deus Pode e Vai restaurar seu Casament"o, o que me ajudou muito agora rs, pois na época não consegui aplicar nada.
A situação ficou assim até meu filho completar 4 anos, entre idas e vindas com o pai do meu filho, e eu acabava ficando com outros garotos também, tentando ter um novo relacionamento. Até que comecei a namorar com meu marido. Pra mim era como se a redenção tivesse vindo: finalmente alguém queria ficar comigo, casar, me achar digna de me chamar de esposa, glória a Deus! Não teria mais o título de mãe solteira, seria A CASADA! Claro que colocar nossas expectativas de felicidade no outro dá errado, e cá estou eu aqui no deserto, porém o deserto do meu casamento, deixo para explicar no testemunho do meu casamento, pois aqui já está um livro.
Resumindo, ao cair aqui novamente no deserto, agora com 3 filhos (eu e meu marido tivemos gêmeos), pedi para Deus a morte, porque não conseguiria passar por essa vergonha e dor novamente, mas Deus não ouviu minha oração, dia após dia, passei a acordar vivinha e sofrendo kkkk. Comecei a tentar levar as coisas de modo mais leve (como disse lá no início, já passei deserto com meu marido), pois cria que se Deus fez uma vez, ia fazer de novo. Até que meu marido me pediu o divórcio! Meus Deus, achei que ia morrer de dor, mais uma vez! E então meus olhos se abriram: eu já estava separada há 06 meses, porém não abri minha boca pra ninguém, continuava minha vida no trabalho como se estivesse tudo normal, ao ir ao mercado, ia e voltava correndo para não encontrar ninguém, cheguei até na loucura de comprar uma aliança falsa, para usar no dia a dia, pois quando brigamos, eu arrumei as coisas do meu marido e coloquei nossas alianças junto.
E quando pensei em assinar nos formulários, a palavra divorciada, não suportei. Eu já estava separada, mas desde que eu não levasse esse nome, minha pose era mantida. Orei muito e assinei o papel do divórcio, não quis me opor, e passei a clamar para Deus me ajudar a colocar minha identidade como filha Dele, e não no meu status civil. Quando eu saía por aí com a aliança, queria me enganar, achando que era um ato de fé, crendo que Deus restauraria de novo, mas na verdade, eu queria mostrar que era casada e não uma abandonada. Então passei a parar de usar a aliança fake, consegui falar para as pessoas do trabalho que estava separada, e aceitar minha situação atual.
Tive que conversar algumas vezes com o pai do meu filho mais velho, para resolver algumas questões sobre ele, e fazia anos que não o via. E quando tive novamente contato, vi que ainda tinha muitas feridas, por conta da nossa história, e eu nunca disse como eu me senti. Então, em nossa última conversa, conversamos e falei sobre o quanto ele me machucou e que eu queria perdão e também queria liberar o perdão. Vi nele o arrependimento de ter agido como agiu, e o vi colhendo as consequencias hoje e me senti triste, e foi mais um incentivo para continuar lutando, para que não aconteça isso com meu marido também.
Também fui conversar com minha mãe, pois diferente dos meus irmãos, por conta da nossa mudança familiar, nem na minha época de crescimento, meu relacionamento com minha mãe é bem falho. Não tínhamos brigas, mas eu não tinha a menor necessidade de ligar pra ela, pra saber como ela estava, como se não houvesse um amor de mãe e filha. Confessei a ela tudo que fiz e senti na adolescência, pois tudo ainda estava encoberto, e pedi perdão a ela também.
Algo também que Deus queria tratar comigo, foi o financeiro, pois eu administrava o dinheiro em casa, pois meu marido não gostava dessa parte, porém, depois de uma falência, em 2018, ele passou a trabalhar por conta, e não tinha salario fixo. Eu, para não ficar o incomodando, tb não queria mais organizar nada, pois eu pensava, se ele não vai guardar dinheiro, eu também não vou, pois esse é o papel do homem. E lá foi eu cair no deserto, e endividada, pq algumas dívidas ficaram no meu nome, e eu que estou me virando para pagar, rs.
Eu moro em uma casa que minha mãe nos emprestou, e fomos morar lá quando nos casamos. Em 2017 fizemos uma grande reforma, pois nossa intenção era ficar lá muitos anos, e fiz um empréstimo pela prefeitura onde trabalho, e o valor da prestação é alto. Fui também contar para minha mãe, que gostaria de voltar a morar com ela por alguns meses, para conseguir quitar esse empréstimo, para que eu consiga comprar algo para mim, pois não gostaria de continuar ali, e ela me ofereceu ajuda para quitar a dívida, sem que eu precisasse voltar pra lá, e não perder a minha privacidade.
Senti tanta vergonha, me senti como o filho pródigo, e então me veio a revelação, se minha mãe, tão falha, podia usar de tanto amor e compaixão comigo, mesmo eu não merecendo, imagina nosso Deus! O deserto é duro, ninguém seria hipócrita de dizer que está feliz aqui, mas certamente sabemos o quão era necessária a mudança que Deus queria fazer! Pois Ele quer uma vida de paz, de dependência Dele, e não em nós mesmos ou nos que estão ao redor de nós!
Continuemos deixando Ele operar, para que chegue o tempo que Ele virá nos livrar!
Como passei muitas vezes no deserto, o inimigo por muitas vezes tentou me matar, dizendo que eu não tinha mais chances, pois todas as vezes que Deus agiu na minha família, eu falhei, porém, existe um versiculo especial, que sempre lembro, para que saibamos que o amor de Deus é ilimitado, não importa o que ou quantas vezes você tenha errado.
Que Deus abençoe vocês!
"Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas os livra" (Salmos 34:19)
Bruna Pires
brunapires.morais@hotmail.com
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