Depois de dois desertos Deus restaurou o meu casamento

Deus nos abençoou nesse mês, é um testemunho atrás do outro, glória a Deus!!! Hoje vamos glorificar pelo testemunho da nossa querida irmã, Rafaella. O deserto dela foi daqueles em que tudo aconteceu, filho fora do casamento, humilhações sem tamanho com o marido expondo a om para todos, sem contar que esse foi o segundo deserto que ela atravessou. Foram desertos de grandes provações e também de aprendizado e encontro de grandes amizades. 

Rafaella desejo tudo de melhor dessa terra para sua família e que hoje possam colher o melhor que Deus, creio que tudo foi necessário para seu crescimento como mulher, mãe e principalmente, filha de Deus. Que o Senhor abençoe sua caminhada e que possam juntos glorificarem por tudo que o nosso pai fez por vocês!!!

Sol

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Em junho de 2015 entrei no meu primeiro deserto. Tinha 8 anos de casada e nos últimos 5 vivíamos em pé de guerra. Eu expulsei meu marido de casa no dia do aniversário dele porque peguei uma mensagem suspeita no celular dele. Não dei tempo de explicar, não perguntei nada, apenas coloquei ele pra fora de casa porque não era a primeira vez que ele me traía. Eu estava tão cansada de lutar por aquele casamento, me sentia esgotada, fazíamos terapia há 3 anos e a cada sessão eu só conseguia ter mais certeza de que a separação era a melhor saída para nós dois.

Sofri mas também me senti uma mulher forte, poderosa, a boba tinha acordado. Eu não merecia todo aquele sofrimento que ele me fez passar, eu era uma esposa tão boa, uma pessoa incrível, maravilhosa, dedicada, batalhadora. Isso era o que todo mundo dizia pra mim. Com uma semana de separação eu comecei a buscar no Google artigos sobre superar a separação e depois de ler alguns textos eu caí em mim e assumi que aquilo era tudo uma mentira, eu não queria superar a separação, eu queria o meu casamento de volta. 

Meu sonho sempre foi casar, ter filhos, uma família de comercial de margarina e agora tudo aquilo tinha chegado ao fim. Então mudei minha busca e passei a pesquisar sobre casamentos restaurados. Encontrei o site da Erin e li o livro Como Deus Pode e Vai Transformar Seu Casamento. Nas primeiras páginas as escamas dos meus olhos começaram a cair e quanto mais eu lia o livro, mais vergonha eu sentia da esposa que eu era. De repente tudo começou a fazer sentido, as coisas que meu marido se queixava de mim: você manda em tudo, você não me respeita, você não me ouve, você só reclama, não tenho vontade de ficar em casa porque é insuportável. Eu era uma mulher rixosa, irritadiça, tinha muita justiça própria e não respeitava o meu marido, sempre fui a cabeça do lar.

Ao tomar conhecimento disso eu fui até o trabalho dele e pedi pra conversar. Pedi perdão por tudo que fiz e ele disse que me perdoava, mas que não iria voltar pra mim antes de um ano, que esse era o período que ele precisava. Na verdade eu nem queria que ele voltasse tão cedo, porque eu sabia que a transformação que Deus teria que fazer em mim ia demorar tempo, não ia ser em 2 semanas que a obra seria completa.

Então Deus passou a ser meu melhor amigo, meu companheiro para todas as horas. Eu já não me sentia triste nem sozinha, Ele era o meu tudo! Passei a desfrutar do meu deserto e ver o lado bom dele.

Nós ficamos separados por 1 ano e 3 meses. Durante esse tempo nós saímos umas 4 ou 5 vezes, sendo que apenas 1 foi ele que tomou a iniciativa de me chamar. Eu queria que ele visse que eu tinha mudado, e de fato sempre que conversávamos ele dizia que eu estava diferente, que queria que eu tivesse esse pensamento quando estávamos juntos, mas que ele tinha muita mágoa de mim, sentimento de rejeição e inferioridade. Um mês antes de voltarmos nós já estávamos mais próximos, eu sentia que ele ainda me amava, mas tinha algo que não deixava ele tomar a decisão de ficar comigo.

Então minha casa foi arrombada e ali eu vi uma oportunidade de deixar meu marido se sentir em casa, ser responsável por essas coisas, porque em outra ocasião eu faria tudo sozinha, pois nunca dependi dele pra nada. Após uma semana ele me contou que havia saído com algumas mulheres durante esse tempo de separação e tinha uma moça grávida que dizia que o filho era dele, porém como foi um caso de “bagunça”, ele não acreditava que era dele. Mas Deus já havia me avisado que isso iria acontecer. Eu tinha o costume de orar para que Deus fechasse o útero de todas as mulheres que meu marido se relacionasse, mas eu mal acabava de orar e uma voz me dizia, isso eu não vou conceder. Eu estranhava muito aquilo, achava que era coisa da minha cabeça, mas aquilo acontecia com muita frequência, então quando ele me contou eu não fiquei nada surpresa.

Quando o menino nasceu ele fez o DNA e confirmou a paternidade. Contamos para a família e por incrível que pareça a minha família recebeu a notícia muito melhor que a dele. O meu amor pelo bebê foi algo muito maravilhoso que Deus fez por mim, porque se fosse pela minha carne, ou por escutar o que as pessoas ao meu redor me diziam, eu não teria aceitado. Mas eu compreendi o imenso amor que Deus tinha por mim, que Ele tinha me dado uma segunda chance e eu aceitaria o que Ele determinasse.

Finalmente passamos a viver o casamento que eu sempre sonhei. Éramos parceiros em tudo, não havia mais brigas em nossa casa, ele me ajudava nos afazeres domésticos, não saía com os amigos, tudo lindo. Ele resolveu mudar de profissão e me pediu ajuda para prover a casa por 6 meses para ele se dedicar ao novo ramo.Com medo de voltar a ser a esposa insubmissa que eu fui, concordei imediatamente, não orei, não questionei, apenas queria ser submissa.

Porém ao final desse prazo, em janeiro de 2018, os planos dele não saíram como ele esperava e ele entrou em uma grave crise financeira. Para tentar consertar ele me propôs vendermos nossa casa e irmos para outra cidade. Eu sempre fui muito conservadora, sou diretora da empresa da família, gosto de estabilidade, economizo em tudo que posso e de repente ele joga tudo no lixo assim. Não consegui controlar minha língua, julguei ele e ordenei que ele fosse trabalhar na empresa do meu pai porque eu não ia mais sustentar ele. Eu estava me sentindo muito cansada de sustentar a casa e me sentia triste porque eu estava no papel de cabeça do lar novamente, que eu tanto lutei pra sair.

Falei pra ele que até venderia a casa, mas que mudar de cidade era algo desnecessário, afinal viveríamos de que? Ele ficou muito bravo, disse que eu nunca o apoiava, que se fosse ao contrário ele iria comigo para onde eu escolhesse e tal.

Naquela noite mal dormi. Aí comecei a orar e perguntar ao Senhor o que Ele queria que eu fizesse, pois eu estava atônita com tal ideia.Então decidi concordar com a ideia e conversar com ele no dia seguinte e expor minha opinião.

Quando ele chegou em casa começou a se esquivar de mim e eu percebi que havia algo errado. Pedi pra conversar e ele disse que não queria, que já tinha tomado uma decisão. Então eu o pressionei e ele disse que foi encontrar uma pessoa que ele namorou antes de voltar pra mim e que ele não se sentia amado por mim e que ela daria a ele o amor que eu não dava, porque eu não embarcava nos sonhos dele, não o apoiava em nada e ele não aguentava mais isso. Assim, do nada. Pra mim estávamos super felizes, parceiros e tal, na segunda tinha me mandado mensagem dizendo que me amava e na terça me informou que estava indo embora de casa e ia tentar a vida com outra.

Como eu havia orado muito antes de conversar com ele eu apenas disse que não iria segurá-lo e que ele era livre para ir, mas que ele estava cometendo um grande erro pois ela não era a tábua de salvação dele. Fui para o joelho e derramei toda a minha dor e Deus me deu essa palavra:

"O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de quem me recearei? Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos, se chegaram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram. Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisto confiaria" (Salmos 27:1-3)

Mesmo em tamanha dor eu consegui crer que Deus tinha um propósito naquilo, Ele jamais me abandonaria.

Os dias que se seguiram não foram fáceis e mesmo passando por um deserto e sido restaurada eu não queria lutar dessa vez. Passei uma semana na casa dos meus pais abaixo de remédios para dormir porque eu me senti muito humilhada, mesmo sabendo que o motivo real da saída dele não foi a OM, mas afetou muito minha auto estima, ela era 15 anos mais velha que ele, e também todo mundo dizia de novo que eu era perfeita, linda, maravilhosa, a melhor mulher do universo porque eu aceitei o filho dele, porque eu sustentei a casa e tudo mais. Então eu não via porque lutar por esse casamento já que eu tinha feito tudo por ele e não adiantou e a minha soberba e auto justiça foi crescendo.

Aqui quero relatar o que eu acredito que me fez voltar para o deserto. Durante meu primeiro deserto eu orava todos os dias pela restauração, para que ele voltasse, para que Deus me desse a chance de ser a esposa que meu marido sempre quis e eu por ser orgulhosa não queria ser, clamava pela minha mudança. Assim que Deus completou a obra eu parei de orar como antes, apenas fazia uma pequena oração na hora de dormir, que normalmente eu pegava no sono quando ainda estava agradecendo pelo dia, nunca mais jejuei e não pedia orientação para o Espírito Santo para nada mais. Fazia tudo pela minha vontade, ou melhor, para agradar meu marido, coloquei ele em primeiro lugar na minha vida, pois eu achava que tinha errado de nunca ter dado atenção a ele, então ele era minha prioridade agora.

"Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor" (Apocalipse 2:4)

Comecei a pensar em lutar novamente e um dia buscando sobre usar ou não a aliança encontrei o blog da Sol, o Restaurar Casamentos. A partir daí cheguei a conclusão de que eu tinha sido infiel ao Senhor. Ele me deu tudo que eu pedi e eu o abandonei! Então também entendi que meu marido precisava de libertação, pois estava totalmente opresso. Eu ficava sabendo de coisas que ele fazia e não conseguia acreditar que aquele era meu marido. No primeiro deserto eu não tinha noção do que era opressão e meu marido não voltou liberto, ainda tinham muitas mágoas do passado e também voltou para o adultério.

Dessa vez foi diferente, minhas orações e jejuns passaram a ser para a libertação dele e não pela restauração do nosso casamento, porque eu entendia que isso seria uma consequência natural quando ele estivesse liberto.

No grupo Restaurar conheci 2 amigos que me ajudaram muito nessa caminhada, a Dani e o Natanael, o Guapo rs. Nossa amizade se firmou rapidamente e em 1 mês já nos falávamos todos os dias, saíamos para comer, tomar café, orar no monte e isso foi fortalecendo nossa fé, quando um caía o outro levantava. Firmamos um propósito de enviar uma palavra por dia e orar uns pelos outros e posso dizer com toda certeza que isso me fortaleceu espiritualmente e contribuiu muito para o meu amadurecimento pessoal e de fé.

Com o passar do tempo Deus foi inclinando o coração do meu marido para nós, até que um dia eu cheguei a conclusão de que ele não tinha mais OM, mas não perguntei.

Ele foi se aproximando, tivemos alguns refrigérios e até viajamos juntos para um acampamento de oração em julho. Eu acreditava que aquele encontro mudaria a visão dele, que Deus iria retirar por completo as escamas dos seus olhos. O acampamento foi maravilhoso, com certeza contribuiu muito para o início do quebrantamento dele, mas não foi suficiente. Então no retorno para casa, 9 horas de viagem kkk, conversamos pela primeira vez sobre nós e eu percebi que ele ainda tinha muita mágoa de mim em relação a minha insubmissão, mas que também continuava opresso porque dizia que me amava e depois que não queria ficar perto de mim. É algo muito confuso e não adianta tentar entender, só nos resta orar e confiar que uma hora Deus vai reverter o cativeiro.

E assim Ele fez.

Os meses foram passando e ele cada dia mais próximo, até que um dia eu comecei a ficar incomodada em ter intimidade com ele estando fora de casa, pra ele estava muito fácil, tinha uma mulher quando queria, mas não tinha responsabilidade e compromisso nenhum. Então orei em espírito para que eu achasse um meio de parar com aquilo, porque por mais que eu amasse meu marido eu não queria mais viver naquela situação. Ouvi uma voz que me disse, olha no carro dele. Mais tarde ele estava tomando banho e deixou o carro aberto na chuva, quando fui fechar lembrei da voz e dei uma olhadinha básica pelo carro e encontrei coisas que eu não gostei. Pronto, Deus havia respondido a minha oração, mais uma vez. Aliás, isso é uma coisa que eu posso afirmar com toda certeza, Deus presta atenção a todos os detalhes das nossas orações.

"Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á" (Mateus 7:7,8)

Meu marido estava morando na casa da minha sogra, então eu sempre orava para que ele se incomodasse lá, que sentisse falta da nossa casa e ele começou a reclamar de lá e a elogiar tudo que era nosso, até a temperatura da casa fazia ele glorificar por estar na nossa casa.

Naquele dia tomei uma decisão, depois de orar, consultar meus amigos especialistas em restauração rs, que eu não queria meu marido de qualquer jeito, mas sim liberto. Pedi a Deus uma oportunidade de conversar com meu marido e Deus preparou. Deixei bem claro para ele que o amava, mas que não queria mais viver daquele jeito, sem compromisso. Ele não gostou nada, me acusou de milhares de coisas do passado e eu aceitei calada. 

Eu estava sendo direcionada pelo Espírito Santo e não podia recuar. Comecei a aprender mais sobre oração de batalha e comecei a fazer toda noite. Os levantes vieram, cansaço, desânimo, choro em abundância, coisa que não acontecia há muito tempo. Meu marido me acusando cada dia mais, me mandava mensagem quase todo dia para me culpar de algo e até em suicídio ele falou. Não voltei atrás, me mantive firme, apesar de às vezes ficar muito chateada.

No feriado do dia 12 ele me disse que ia levar o presente do nosso filho e eu o convidei para almoçar conosco. A tarde passeamos, fomos ao cinema e na saída do shopping percebemos que o pneu do carro estava vazio. Passamos no posto encher para chegar até em casa e fazer a troca. Porém o carro simplesmente não ligou mais. Ficamos horas lá chamando assistência, guincho e tudo mais para poder resolver. Durante esse tempo ele começou a conversar comigo, perguntou qual era a minha proposta para ele e eu mantive, falei que só tinha uma, reatar o casamento e ser uma esposa melhor para ele.

O tempo todo eu glorificava ao Senhor em espírito por estar com meu marido naquela situação, porque o carro poderia estragar comigo sozinha e meu filho, longe, era noite, e eu via o cuidado de Deus comigo naquele momento. E mais uma vez meu marido se sentiu útil, no papel de protetor e acho que isso mexeu com ele.

Quando chegamos em casa ele pediu para eu avisar a mãe dele que iria dormir lá em casa. Fomos assistir um filme e quando acabou ele me pediu perdão e eu acabei cedendo. Na manhã seguinte ele chamou nosso filho e pediu perdão a ele, disse que se arrependia muito e que seria um pai melhor. Passou o dia lá em casa e eu só observando, porque não conversamos claramente se ele estava voltando ou não. 

Não achei prudente colocar ele na parede e fui deixando Deus agir. Dormiu lá de novo e começou a dar palpites na casa sobre o que ele iria fazer com a planta, com isso e aquilo. Domingo de manhã fomos a igreja juntos como uma família novamente! Na saída da missa ele me disse que ia até a casa da mãe almoçar e pegar umas roupas. Eu resolvi ficar em casa e orar, tirar um tempo a sós com o Senhor para entender tudo aquilo que estava acontecendo e também limpar os armários dele que estavam cheios de pó rs.

Então ele me mandou mensagem perguntando se podia levar as coisas dele para casa e retornou com o carro lotado das suas coisas!!! Meu filho ainda estava confuso, me perguntando se ele tinha mesmo voltado, porque na cabecinha dele, ele precisava ouvir essa frase, e ele foi e perguntou: Pai, você voltou mesmo para casa? Você pode me dizer isso? E ele respondeu sim filho, papai voltou!

Eu glorifiquei cada fase do meu deserto porque eu fui percebendo que ele era muito necessário, eu precisava aprender a deixar Deus ser Deus, a abrir mão das minhas vontades, do meu egoísmo. Se não fosse o segundo deserto eu não teria conhecido o Natanael e a Dani que são amigos incríveis que Deus me deu e me ajudaram muito e tenho certeza que ainda me ajudarão nessa nova fase. Aprendi a lutar com o verdadeiro inimigo e compreender o imenso amor de Deus, que nos perdoa todos os dias, todas as nossas misérias.

Agradeço a Ele por me dar uma terceira chance de ser uma esposa melhor, por ter me retirado do mundo e ter me dado uma nova vida em Cristo. Agradeço a Sol pela oportunidade de participar deste grupo que me fortificou muito, apesar de eu não escrever quase nada eu lia cada mensagem, dava muita risada, fazia as receitas postada e assim meu deserto foi se tornando mais leve. Obrigada Natanael e Dani pela orações, pelas palavras e pelas exortações, que me fizeram permanecer firme sempre que a dor me abatia.

O conselho que eu deixo, de alguém que passou por 2 desertos, é aproveite esse tempo da melhor maneira possível. Se deleite na presença do Senhor, ore, jejue, busque conhecer a palavra de Deus que é rica, viva e eficaz. Faça novas amizades, cultive as antigas, curta sua família, faça aquilo que não era possível quando seu cônjuge estava em casa. E acima de tudo, ame ao Senhor de todo o teu coração, ame por quem ele é, valorize tudo que você tem e o que tem passado, porque a palavra nos promete que:

"A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos" (Ageu 2:9)

Rafaella Locatelli

rafaellalocatelli@gmail.com