Por que sofremos?

Por Douglas Pereira da Silva

“Existem três coisas que nos levam a conhecer a Deus: a Bíblia, a Oração e a Dor” (Martinho Lutero, 1483 – 1546)

Tal como a talhadeira na mão do artífice para cortar e lapidar - assimétrica e poliedricamente - a pedra bruta extraída da natureza, de modo que no final seu brilho e sua beleza sejam exaltadas e valorizadas, assim também é a instrumentalidade do sofrimento na vida dos filhos de Deus!

O sofrimento está para o crente, assim como toda a vida e a fauna marinha está para o mar, isto é, é impossível enquanto estivermos pisando aqui no chão dessa existência, dissociar este elemento com a identidade de um verdadeiro cristão.

Sofrimento é o aio, pelo qual nos faz lembrar todos os dias, que o céu, o paraíso tão esperado por nós, não é aqui - ABSOLUTAMENTE (João 16:20).

Quando olho para a Sagrada Escritura, encontro algo em comum na vida de todos os santos de Deus, o qual essa terra amaldiçoada pelo Senhor em função do pecado (Gênesis 3:17-18; Romanos 8:22), não era digna de tê-los: todos, sem exceção, sofreram... e sofreram Muitíssimo.

Percorra toda a literatura canônica, e veja a vida dos santos de Deus – tanto do Antigo quanto do Novo Testamento: as peregrinações dos patriarcas, a vida dos juízes, posteriormente dos reis de Israel e dos profetas. Analise minuciosamente a vida de todos os apóstolos e demais seguidores de Jesus.

Lucas quando historiava a gênese da IGREJA no Livro de Atos dos Apóstolos, bem como o escritor da epístola aos Hebreus (Hebreus 11:32:40), nos concede uma breve síntese destes personagens – respectivamente.

Destas verdades tão cristalinas e irrefutáveis, intuímos indubitavelmente que, se sofremos nessa vida, significa de alguma forma que estamos no caminho certo; pois os instrumentos de Deus para a santificação de modo a conformar você à imagem de Cristo, chamam-se: tribulação, angustia, aflição e provação (Romanos 5:3-5; Tiago 1:2-4,12; I Coríntios 10:13).

Minha despretensiosa reflexão remete o raciocínio aos saltérios de Asafe (Salmos 50, 73, 79 e 82) – mais especificamente o 73. Os Salmos penitenciais desse santo, faz lamentar e chorar aos pés de Deus o fato dos ímpios prosperarem em todos os setores da vida (Salmos 73:4-12), e os justos, por sua vez, perecerem nessa terra (Salmos 73:13-16).

Entretanto, Asafe obtém de Deus a revelação plena do destino dos ímpios quando adentrou no santuário de Deus e compreendeu qual será, de fato, o fim deles (Salmos 73:17-20), ou seja, enquanto esta Terra é o único paraíso que os ímpios infiéis irão desfrutar, para nós que confiamos e professamos a justiça de Deus em Cristo o nosso Salvador, aqui será o único inferno que iremos suportar.

Fato é, que, está muito além da nossa capacidade de compreensão, entender que até o mal, é um instrumento didático e pedagógico de Deus em nossa vida, para tratar com o nosso caráter e nos conformar à imagem de Cristo (Salmos 119:71; Filipenses 1:29; 1 Pedro 2:21).

A complexidade do sofrimento, consiste na revelação de que todas as coisas e pequenos detalhes da nossa vida _Quer sejam boas ou ruins - já foram desde a eternidade decretados por Deus (Salmos 129:16).

Jamais teremos condições de explicar pelo viés do nosso limitado e finito raciocínio, os caminhos de Deus que são demasiadamente, imensuráveis para nós (Isaías 55:8-9).

Sofrimento é a disciplina de Deus para corrigir seus filhos que tanto ama; é também uma grande prova de amor (Jó 5:17; Lamentações 3:31-33; Hebreus 12:4-13; Apocalipse 3:19).

A dor tem um caráter benéfico na vida do verdadeiro crente (Eclesiastes 7:3; Mateus 5:4), isto é, daqueles que de fato foram regenerados pelo Espirito Santo. Confira na Sagrada Escritura, as muitas benesses do sofrimento: [1] O sofrimento revela o coração (Deuteronômio 8:2); [2] O sofrimento aperfeiçoa e fortalece o caráter cristão (Romanos 8:28-29); [3] O sofrimento produz Perseverança (Romanos 5:1-4; Tiago 1:2-4); [4] O sofrimento produz Obediência (Salmos 119:67, 71); [5] O sofrimento produz humildade e dependência de Deus (2 Coríntios 12:7, 9); [6] O sofrimento produz confiança em Deus (2 Coríntios 1:8-9); [7] O sofrimento prepara o cristão para confortar aqueles que sofrem (1 Coríntios 1:3-4); [8] O sofrimento é instrumento de disciplina, que evidencia o amor do Pai que nos corrige (Provérbios 3:12; 13:24; Hebreus 12:6; Apocalipse 3:19).

Caro leitor, você que medita nesta breve reflexão, MUITA ATENÇÃO!

Se és um salvo, isto é, alguém separado e eleito por Deus desde a fundação do mundo para herdar as promessas do reino e a vida eterna nas moradas celestiais (Efésios 1:4-6), tenha a certeza de uma coisa: Você vai sofrer! (João 16:20-33).

Do contrário, se vives uma vida de extremo conforto e regalia - seja na perspectiva emocional, espiritual e material - e ainda, não sofre as mazelas das consequências que são decorrentes das más escolhas e erros de atitude, saiba: Você nunca foi salvo (Romanos 1).

Se a saúde, prosperidade e uma vida regalada de delicias e felicidades nesta terra é a evidência do amor de Deus por nós, então não me resta dúvidas - Deus deve ter odiado todos os teus servos do passado com ódio mortal e cruel.

Para ser feliz nesse mundo e ter contentamento na alma, mesmo com as tribulações e as circunstâncias tão desfavoráveis que nos cercam, a Sagrada Escritura apresente uma receita: Andar continuamente na presença de Deus; pois só o Criador é a fonte de verdadeira e inesgotável felicidade (Jeremias 9:23-24; Salmos 1; Mateus 5:1-16).

Agora, responda com honestidade para a sua consciência a seguinte interpelação: Você estaria se dedicando tanto com jejuns, clamor e suplicas pela madrugada, propósitos de oração, crescimento e desenvolvimento na santificação e mortificação de pecados, leitura bíblica, frequência com compromisso e assiduidade nos cultos da sua congregação e demais atividades espirituais se não fosse todo esse sofrimento e angustia advindas das crises e vicissitudes da vida?

É nisto que deve consistir então, a nossa alegria! É possível ser feliz mesmo diante das adversidades e das crises mais agudas que enfrentamos (Filipenses 4:4).

Uma das grandes razões por que Deus permite que entres em aflições tantas vezes é que possas correr para ele. A criança vai correndo para o pai ou a mãe quando está amedrontada.

A razão por que Deus permite que as pessoas que você mais ama e confia te tratem mal é para que possas correr para ele, para usufruir mais da presença dele. Tu, pobre alma, ouve, hoje, o seguinte: Não existe nada neste mundo em que Deus mais tenha prazer (depois da presença do seu próprio Filho, Jesus Cristo, e os seus santos e anjos que estão com ele no céu) do que em que seus filhos se aproximem dele, em tê-los sempre debaixo das suas asas.

E então, pelo fato de te chegares à presença de Deus em adoração, se desenvolverá uma bendita familiaridade entre Deus e tua alma, pois te verás falando com Deus e ele também falará contigo.

Deus te abençoe, e conceda graça no sofrimento!

Do amigo, Douglas Pereira da Silva